François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 132
Mãe escreve carta ao filho depois de morta
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo
Não teria eu vivido em outro corpo ou em
outra parte qualquer, antes de entrar no ventre da minha mãe? (Santo
Agostinho)
Em todos os séculos encontramos
pensadores e filósofos que mencionaram o renascimento na Terra, depois da morte
do corpo, numa nova vestimenta física, para a progressão do espírito.
Sócrates, que viveu alguns séculos
antes do Cristo, dizia: “Estou
convencido de que vivemos novamente e que os vivos emergem dos que morreram e
que as almas dos que morreram estão vivas”.
O filósofo e escritor francês
Voltaire, junto com Montesquieu e Rousseau, foram os três nomes mais
significativos do Iluminismo francês. A sua posição era contra o absolutismo e
a favor da separação entre Igreja e Estado, quer dizer que ele foi um dos
primeiros defensores da ideia de Estado laico. Mesmo ele não se surpreendia com
a ideia da reencarnação, afirmando: “Nascer duas vezes não é mais
surpreendente que nascer uma vez: tudo na natureza é ressurreição”.
A
mãe do médium Chico Xavier, Maria João de Deus, era filha de uma escrava em
Minas Gerais. Teve nove filhos e faleceu (1915) quando o médium tinha cinco
anos; do Além, ela continuou a assistir com conselho o filho ainda criança.
O
menino cresceu, conheceu o espiritismo e sua mãe então passou a escrever-lhe
cartas, que ele mesmo psicografava. Essas diversas mensagens foram reunidas no
livro Cartas de uma morta, publicado
pela LAKE, onde ela relata que está habitando uma esfera espiritual de segunda
categoria, depois da morte do corpo físico.
E diz ao filho,
médium, pela psicografia: “Sinto-me rodeada de companheiros muito bondosos, com
quem me entrego às tarefas. Aqui a nossa especialidade é examinar as preces dos
seres terrenos. E onde habito temos possibilidade de conviver com alegria,
podemos estudar e viajar, mas não deixamos de trabalhar na primeira esfera
espiritual socorrendo espíritos em sofrimento”.
Assim
ela se expressa sobre esse trabalho que realiza na primeira esfera, habitada
por espíritos em sofrimento e desolação: “Em visita a alguns desses núcleos de
prantos incontáveis e amaríssimos, encontrei alguns de meus antigos conhecidos
na Terra”.
Saber que se está
melhorzinho, que já tem alguma iluminação e poder socorrer alguns amigos que
estão na pior é confortador, eleva a autoestima e a alegria de ser útil.
Vejamos o que
a mãe do Chico informa desses antros de sofrimento: “São dolorosos os dias que
ali pesadamente transcorrem. A essa região imediatamente vizinha da Terra
frequentemente descemos para buscar irmãos nossos que suplicam e choram,
implorando o socorro e o auxílio de Deus, pelo descuido do mundo íntimo”.
Por
que descuido do mundo íntimo?
Em virtude de
não se aplicar à moral e à dignidade, não cultivar bons sentimentos, se
acomodar nos vícios ou manter pensamentos maldosos e egoístas, praticando atos
infelizes que causam remorso, e sem aspirações na vida religiosa e de fé em
Deus, o espírito acaba ficando algum tempo, que pode ser desde meses, anos, até
séculos ali estacionados na dor, até que um dia melhore e busque se arrepender,
implorando com humildade o amparo de Deus, que a ninguém nega socorro.
Arnaldo
Divo Rodrigues de Camargo, diretor da Editora EME