François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 142
Os Obreiros do Senhor
Martha Triandafelides Capelotto
Não sei precisar, exatamente, há quanto tempo venho escrevendo artigos
espíritas, os quais começaram a ser divulgados no jornal O Comércio do Jahú, e
depois, em outros periódicos, na mesma cidade e em alguns sites.
Para mim, estimulada que fui por um amigo da nossa seara, foi um desafio
muito grande, pois a escrita, tanto quanto a fala, têm um peso enorme no que se
refere à responsabilidade de seu conteúdo.
Tomada de coragem, acabei me convencendo que seria uma grande
oportunidade para divulgar os princípios e ensinamentos da Doutrina dos
Espíritos, que, para mim, são libertadores da nossa milenar ignorância. Só
conhecendo a Verdade, é que nos libertaremos.
A princípio, fiquei preocupada tentando dimensionar quantos esses textos
alcançariam. Logo percebi que o mais relevante são as sementes que jogamos ao
longo de nossa jornada, relembrando a Parábola do Semeador. Na verdade, o que
importa saber é que algumas delas cairão em um campo fértil e darão frutos: um,
a cem, outro, a sessenta, e outro, a trinta.
Assim, iniciei um trabalho certa que as minhas sementes, juntas de
outras, e de diversas partes haveriam de atingir o objetivo que a
espiritualidade espera de cada um de nós, semeadores imperfeitos, mas, com
disposição de disseminar o Evangelho de Jesus.
Quanto a isso, de ser uma semeadora imperfeita, já superei, pois o nosso
Mestre nos conhece e às nossas limitações. Se cruzarmos os braços, esperando a
total superação dos defeitos que ainda enfeiam a nossa alma, o trabalho em sua
seara nunca será concluído. Claro, não nos quedamos inertes diante deles, mas,
combatemo-los todos os dias.
Alguns, lendo, devem pensar: por que essa criatura está a falar de si
própria? E eu responderia em primeiro lugar: desejo compartilhar algo que
enfrentei e que, graças a Deus, depois de muitos anos passados, quantas
alegrias experimentei. Quantas vezes, alguém se aproximou de mim dizendo que
havia lido um dado artigo e que lhe havia caído “feito uma luva”. Outros, que
haviam recortado para deixar em lugar onde todos os dias poderiam ler e
refletir sobre aquilo e tantas outras situações que me ajudavam a manter minha
mente e coração focados no meu trabalho, muito pequeno, mas, como aprendemos na
Doutrina, se servir para uma única pessoa, já terá valido a pena.
Ao lado dessas alegrias, também recebi algumas críticas e tive que lidar
com a indiferença daqueles muito próximos, até no âmbito familiar, mas, uma
força maior me dizia para continuar, pois sabia que alguém, em algum ponto, em
algum lugar, estaria sorvendo e sentindo aquele mesmo entusiasmo que já
experimentamos e continuam a alimentar o nosso espírito, acalentado por
explicações coerentes, lúcidas, dos nossos irmãos Superiores, transformando o
nosso ser, tal como uma pequena semente, que depois do tempo de maturação,
transforma-se numa grande árvore, dando os mais belos frutos, e é o que espero
que aconteça comigo ao longo do processo evolucional, sabendo que este não se
opera de chofre e que crescemos milimetricamente em direção à perfeição.
Em segundo lugar, um desejo irrefreável que acalento em meu ser, para
que todos os nossos irmãos em humanidade possam despertar suas consciências,
que iniciem sem titubear a sua auto iluminação, mesmo sabendo e reconhecendo a
própria pequenez, imperfeições tão grandes, que, em alguns momentos querem
fazer que desistamos de percorrer os caminhos mais difíceis, que requerem de
nós, paciência, resignação operosa, vontade, firmeza de propósitos e tantas
outras virtudes, muitas das quais, sequer experimentamos, porque não as temos.
O que faço, e muitos outros o fazem, é apenas lembrarmos a oferta de
Jesus dizendo que seriam bem-aventurados os aflitos, os brandos e pacíficos, os
misericordiosos, os humildes de espírito, os puros de coração..., se aceitassem
o alimento espiritual.
Diz o texto evangélico: “Larga é
a porta da perdição e estreita a do Reino dos Céus”, significando dizer, que é
muito mais fácil passar-se por ignorante das coisas do espírito, iludir-se com
as coisas do mundo, vivendo em estado de total alienação, do que proceder ao
autoenfrentamento diário, abdicando das facilidades que a ilusão nos oferece.
Desse modo, não devemos nos preocupar com números, com aceitação geral,
mesmo porque, se o espírito mais elevado que passou pela Terra, acabou no
madeiro infame, o que nós podemos esperar? Ainda assim, a misericórdia divina
sempre está atuando, nos encorajando, fazendo com que sintamos alegria por algo
que não é e nem será corroído pela ferrugem e pelas traças.
Diz Emmanuel, em sua obra “Palavras de Vida Eterna: “Trabalhadores das ideias, chamados a nutrir
o pensamento da multidão, em verdade, o Cristo não espera mudeis os vossos
leitores e ouvintes em modelos de heroísmo e virtude. Conta com o vosso esforço
correto para que a refeição de conhecimento superior seja distribuída com
todos, aguardando, porém, que a mesa de vossas atitudes se mostre asseada e que
o alimento de vossas palavras esteja limpo.”
Finalizando, recordemos um ensinamento do
“Espírito da Verdade”, no Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XX, item 5:
...”Felizes serão aqueles que terão dito a
seus irmãos: “Irmãos, trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de
que o Senhor encontre a obra pronta à sua chegada”, porque o Senhor lhes dirá:
“Vinde a mim, vós que sois bons servidores, que calastes os vossos ciúmes e as
vossas discórdias para não deixar a obra prejudicada”.