François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 206
Cristo já nasceu para você?
Alfredo Zavatte
Sustentam os Evangelhos que
Jesus voltará com grande poder e, diante de todas as Nações reunidas, separará
bons e maus, como um pastor que separa as suas ovelhas (Mateus 25 ; 31-32 ).
Não será necessária sua volta,
como há 20 séculos, pois, suas mensagens chegam aos homens de diversas formas,
possibilitando sua evolução espiritual, dia após dia, capacitando-os a
assimilar todas as verdades ditas por Ele.
A separação do joio e do trigo
será de forma harmoniosa, assim como seu reinado de paz, pois Ele deixou claro
que tudo deverá ser cumprido em Sua lei: “... passarão o Céu e a Terra, mas
minhas palavras não passarão”.
O Evangelho será a Lei máxima
que dirigirá a humanidade, seus ensinamentos constituirão roteiro seguro para
todos e Sua Constituição regerá todo o Planeta.
Um dia, os crucifixos deixarão
de ser um mero adorno no corpo dos homens e Ele será lembrado como exemplo de
verdade, justiça e, acima de tudo, amor, que com muita facilidade praticava. Onde
predominam estas virtudes, ali Ele estará, mesmo sem seu nome ser invocado.
Porém, onde imperam a
hipocrisia, a iniquidade e o egoísmo, nas mais variadas formas que se apresentem,
Jesus, em tal meio, não se encontrará, ainda que solicitado e endeusado pela
boca do homem.
A missão de Jesus não se iniciou
em Belém, nem terminou no Gólgota, com a crucificação. Ele vem, de um longo
período, inspirando a humanidade, orientando e apascentando o grande rebanho
que o Pai lhe confiou.
Distribuiu seus benefícios a
todos os povos, assim como o Pai também o faz.
Jesus nasceu em Belém, há cerca
de 20 séculos, como contam os escritos, fato inesquecível e de grande
relevância na história da humanidade.
Nascer é iniciar, é dar começo a
uma determinada existência, isto é, um fato histórico considerado sob o aspecto
cronológico, mas vamos analisar a sua vinda, a chegada do Messias.
Que influência está exercendo em
nós o seu nascimento?
O que Jesus veio fazer na Terra?
Que relação há, para nós, entre
o natal de Jesus e a nossa vida no momento atual?
Eis a questão que nos interessa
de perto e que vem determinar o grau de importância da data do nascimento de
Jesus.
Se o nascimento de Cristo ainda
não é uma realidade para muitos, que importância poderá ter Seu nascimento?
O Brasil é um País de opulência,
que se sobressai a outros países pela fertilidade de seu solo, pela variada e
rica flora que alimenta e cura o homem, havendo também o minério como uma das
grandes fontes de riqueza. Para que estas riquezas sejam uma realidade, é
preciso que este povo se habilite, se coloque a trabalho e lute pela sua
independência, mas também pela inteligência, perseverança, ética e moral, de
forma correta e honesta; caso contrário, todas as vantagens de se ter uma terra
rica, seriam como se não existissem.
Precisamente o mesmo fenômeno se
dá com relação ao Natal de Jesus: nenhum proveito nos vem do simples fato
histórico de seu nascimento, pois, todo o valor desse magno sucesso está em
nosso relacionamento com Ele.
No entanto, se existe uma
relação deste acontecimento conosco, se este fato representa uma força viva
atuando em nossos corações, então poderemos dizer, sem medo de errar: ”Jesus
nasceu para nós “ e a nós dirige a sua grande mensagem: “
Paz na Terra aos homens de boa vontade”.
Mas, se permanecermos alheios, indiferentes
e distantes ao Natal nascer (dar início a uma nova etapa de vida), qual o seu
efeito em cada um de nós?
Tudo o que fizermos para
comemorar essa data histórica será em vão, vazio e, simplesmente, não passará de
uma mera comemoração de um aniversário.
Não é nesse vazio que Jesus
sempre viveu, não é nas festas do dia 25 de dezembro que Ele renasce, mas sim,
na constante renovação e na proposta de um novo recomeçar de nossa vida. Jesus
é a força viva que, uma vez encarnada no homem, determina a constante
renovação.
Se perguntássemos quando Jesus
nasceu, para alguns personagens da história bíblica, teríamos respostas diferentes
da data de 25 de dezembro.
A Paulo de Tarso: “Foi
na estrada de Damasco, quando eu, então intolerante e fanatizado por uma causa inglória,
me vi envolvido por uma Divina luz. Dali em diante, com muita convicção, pude
afirmar que já não sou mais eu que vivo em mim, mas Cristo é
quem vive”.
A Pedro: “Jesus
nasceu para mim no átrio do Passo de Caifás, no momento em que o galo,
cantando pela terceira vez, acordou minha consciência para a verdadeira
vida. Daí em diante, nunca mais vacilei diante dos potentados da história,
quando me era dado defender a justiça e proclamar a verdade, pois, a força e o
poder do Cristo, continuaram elementos integrantes do meu próprio ser”.
A João Evangelista: “Jesus
nasceu no dia em que meu entendimento, iluminado pela Divina graça, me fez
saber que Deus é amor”.
A Zaqueu: “Jesus
nasceu em Jericó, numa esplêndida manhã de sol, quando eu, ansioso por
conhecê-lo, subi em uma árvore para vê-lo passar, quando então, com gesto
adorável, Ele disse: “Zaqueu, desce daí, porque importa que hoje eu me
hospede em tua casa”. Naquele dia, entrou a salvação em meu lar”.
A Dimas, o bom
ladrão: “Jesus nasceu no topo do Calvário, exatamente quando, para muitos,
Ele morria, quando a cegueira e a maldade dos homens supunham
aniquilá-lo para sempre. Dali, Ele me dirigiu um olhar repassado de piedade e
ternura que me fez esquecer todas as misérias deste mundo. Desde então, Ele
nasceu em mim”.
À Madalena: “Jesus
nasceu em Betânia quando sua voz ecoou, ungida de pureza e santidade e
despertou em mim a sensação de vida nova, com a qual, até então, jamais havia
sequer sonhado, surgia assim uma nova mulher, e seguiu os caminhos traçados por
Jesus”. Seguiu ao lado dela, ao longo de seu messiânato, esteve ao Seu lado
e de Maria, no momento de maior angustia: durante a crucificação, e mesmo
diante de tanto sofrimento, ela não os abandonou, revelando o seu caráter santo
e missionário.
A Tomé: “Jesus
nasceu naquele dia memorável e inesquecível em que foi dado testificar que a
morte não tinha poder sobre o filho de Deus. Só então compreendi o sentido das
palavras: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Vem, toca em minhas chagas
e veja que sou eu que voltei”
Estes foram testemunhos do
passado e que, a cada dia, felizmente, continuam acontecendo, quando pessoas
conseguem fazer Jesus renascer dentro de si.
Ainda criticamos com veemência,
aqueles que não deram abrigo à Maria, para que Jesus nascesse, mas ainda nos
esquecemos que Ele, Jesus, não tem a hospedagem merecida no coração da grande
maioria das pessoas, e ainda hoje, depois de 2000 anos, também não O recebem. O
Divino hóspede bate em nossas portas todos os dias e ela continua fechada.
Talvez seja necessário que façamos
uma limpeza em nossos corações, tal qual num cômodo imundo da nossa casa, para
nele acomodar esse ilustre Aniversariante. Jesus não quer nada especial para instalar-se
em nossos corações, apenas coisas que podem ser encontradas no interior do rico
ou do pobre, de qualquer credo religioso. Para acomodar esse viajante de muitos
séculos, é necessário que haja, dentro de cada homem, os elementos de que já
falamos: verdade, justiça e, principalmente, amor.
Caso contrário, o dia 25 de
dezembro será como outro dia qualquer, tal data torna-se insignificante, pois
Jesus ainda não nasceu para esses.
É preciso que Ele habite em nós,
que permitamos que Ele conquiste o nosso coração com aquilo que fez e que
continuará fazendo por nós.
Mas, haja o que houver, se a
indiferença tomar conta de muitos, Jesus, com seu amor, fará com que a fé,
resplandecente de luz, vença e triunfe, implantando na Terra o reinado da
justiça.
Então, a todos aqueles para quem
o Cristo não nasceu, que ergam as suas frontes e caminhem, mesmo que sofrendo;
aos que choram, que enxuguem seu pranto; aos que sofrem, vítimas do mal, que
tenham bom ânimo.
Levantem, tomem seu rumo na
estrada da vida, não se importando com o que pensarão de vocês. O que importa é
que, durante essa longa caminhada de tropeços e quedas, Jesus estará caminhando
conosco e, no final de tudo isso, o Pai nos esperará com os braços abertos,
para o justo e merecido repouso.
Fica aqui a pergunta:- Cristo já nasceu
para você?