François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 230
Martha Triandafelides Capelotto
Tenho pensado amiúde como seria maravilhoso se todos pudessem entender a reencarnação, para que outras questões não menos relevantes pudessem ser compreendidas, como por exemplo, a Justiça Divina.
É certo que temos alguns estudiosos dedicados que já avançaram muito sobre o assunto, como o Dr. Ian Stevenson, médico e professor catedrático de Psiquiatria na Universidade de Virgínia, EE. UU.
Esse eminente médico objetivava investigar os relatos de crianças que afirmavam recordar-se de presumíveis vidas anteriores.
Como todo cientista sério e que busca a verdade, resolveu investigar as inúmeras informações recebidas da Índia, Burma, Tailândia, Turquia, Líbano, Sri Lanka e outros países, inclusive Brasil, onde esteve em fevereiro de 1972, em São Paulo, a fim de estudar alguns casos de reencarnação.
Quando resolveu partir para a Índia, em 1961, seus colegas, ao se despedirem dele, não conseguiram disfarçar certo sorriso de incredulidade ou ironia. A reencarnação para eles, não passava de mera crendice, sem qualquer apoio em fatos positivos.
Ao chegar à Índia, procurou manter contato com vários sábios, na autenticidade máxima da palavra e, ao ser indagado por um desses “Gurus” acerca dos motivos que o levaram a interessar-se pela reencarnação, ele declarou que uma das razões seria a possibilidade de melhoria do comportamento dos americanos, caso ficasse cientificamente demonstrada a realidade do renascimento após a morte dos indivíduos. Seria, além disso, uma evidência fortíssima da sobrevivência. Isto provavelmente contribuiria para a melhoria dos seus concidadãos, no concernente ao caráter.
A esta altura, Dr. Stevenson surpreendeu-se ao ver o sábio indiano esboçar um sorriso, mostrando também um ar de incredulidade e lhe disse: “Não se iluda Professor, aqui na Índia, quase todos creem na reencarnação, e nem por isso os indianos têm um comportamento melhor do que o dos americanos”.
Vamos analisar, em brevíssima síntese, essa ocorrência.
Constantemente estamos revendo as concepções acerca da nossa realidade e vivemos em contínuas mudanças. Como exemplo, os homens acreditavam que a Terra era plana e que fosse o centro do Universo.
A visão do mundo e da nossa realidade subjacente, adquirida após a conquista do método científico, sofreu profundas modificações. A Terra deixou de ser o centro do Universo. Este, por sua vez, adquiriu proporções inimagináveis e o homem, que acreditava ter sido o alvo final da criação de Deus, foi colocado pela Ciência em modesto ramo da árvore genealógica dos demais seres vivos.
Na parte espiritual, nenhuma das perspectivas, colocadas em uma inexorável justiça após a morte, conseguiram frear os maus instintos, a rapinagem e a crueldade dos homens, inclusive daqueles que pregaram as tais presumidas “verdades”.
Infelizmente, o comportamento humano depende de um maior número de fatores, e não apenas de uma sorte de crença, ou até mesmo de uma sólida convicção originada, por exemplo, pelo conhecimento científico positivo da reencarnação.
Como tantas outras coisas em que já foram colocadas as pás de cal pela Ciência, com a reencarnação não será diferente, principalmente por um número muito expressivo de estudiosos que a investigam em todas as partes do mundo.
Assim, a melhora da criatura humana e o seu comportamento no bem, não se resume a acreditar ou não na reencarnação, pois a Ciência a revelará ao mundo de forma inconteste, mas, de outros fatores coadjuvantes tais como a educação, a saúde, a habitação, a higiene, a facilidade de transportes e da comunicação, enfim, de todos os benefícios oriundos do progresso científico e tecnológico.
E, claro, somado a tudo isso, a busca pelos valores espirituais, não os de fachada, mas, os que são capazes de modificar a criatura para melhor.