François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 234
O Autoamor e a Lei do Amor
Um dos preceitos evangélicos mais relevantes e muito cobrado no meio religioso é amar aos outros como a nós mesmos.
Teria o Mestre mencionado: “Que vós ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João, 15:12). “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Inicialmente, falar de amor não é fácil para ninguém, pois não podemos discorrer com propriedade sobre aquilo que ainda não temos a devida compreensão e, tampouco, a vivência.
E por que digo compreensão? Porque muitas das manifestações que externamos, no campo das emoções e dos sentimentos, mal sabemos as origens, e em razão disso, quantos equívocos cometemos!
Não é à toa que volta e meia falamos de autoconhecimento, porque conhecer minimamente quem somos é medida de urgência no nosso processo de ascensão evolucional.
Desse modo, a primeira análise que devemos fazer é examinarmos a quantas anda o nosso amor-próprio, pela simples razão de que, para amarmos alguém, precisamos nos amar. Nessa área, cometemos muitos enganos e criamos concepções que nos levarão na rota do autoabandono e da mágoa, caminhos emocionais que vão nos tornar pessoas apagadas e infelizes.
Costumeiramente dizemos ou ouvimos frases como essas: “Não posso brilhar, isso é coisa de gente vaidosa”. “Pessoas boas são humildes e aceitam tudo”. “Tenho que aguentar tudo, pois é o meu carma” e vai por aí afora.
Diante desses poucos exemplos, podemos perceber que precisamos rever nossos conceitos. Ninguém nasceu para ter a sua própria luz apagada. Ao contrário, o mundo precisa dela. Fazê-la brilhar não é vaidade, é amor, é a gratificante sensação de gostar de si mesmo.
Corroborando essa ideia, lembremo-nos de um ensinamento de Jesus: “E ninguém, acendendo uma candeia, a põe em oculto, nem debaixo do alqueire, mas, no velador, para que os que entram, vejam a luz” (Lucas, 11:33). Significa dizer, Ele ressalta a importância de acender a luz do amor que há em você, não para chamar a atenção dos outros, mas para que aqueles que entrem em sua vida vejam a luz e tenham inspiração e desejo sincero de cuidar de si mesmo.
Apesar de muito cobrado no meio religioso, como mencionei inicialmente, há muitos que se escondem nas religiões para ficar moralizando o mundo e as pessoas com discursos falsos, piegas e fora da realidade, num total desconhecimento do processo evolucional de cada um, das diferenças que existem entre todos nós e, deles próprios.
Compreender é palavra-chave para a solução de muitos problemas nas relações interpessoais, porém, a compreensão está intimamente atrelada à constante busca do conhecimento libertador. Quem eu sou?
Os resultados prováveis do desamor vão surgir em nossos caminhos: perda de emprego por temperamento rude, vida afetiva travada, infelicidade, doenças diversas e relacionamentos lastimáveis. Desfazer a confusão entre saber o que é amor a si próprio e as manifestações do ego é medida de urgência. Se é amor, não vem do ego. Simples assim.
Cuidar de si não é egoísmo, antes, é algo inspirador e contagiante, porque, no clima da humildade verdadeira e de despretensão total, é possível nós nos mostrarmos como alguém que cuida valorosamente de si, transmitindo um clima de segurança, brandura e confiança, luzes eternas a brilhar.
Podemos cuidar, colaborar, apoiar e orientar pessoas, influenciando e inspirando suas decisões, mas, antes, faz-se mister, cuidarmos de nós.
Equivocarmo-nos quanto às obrigações que julgamos ter em relação aos outros, sem antes cuidarmos da nossa própria seara, é caminho certo para o desequilíbrio, para a mágoa, para a decepção, já que a nossa participação nas mudanças ou na vida das pessoas obedecem os imperativos das leis universais e divinas aplicadas a todos.
Cuidemos em expandir o amor por nós mesmos, com humildade, com sabedoria, para que, feito isso, possamos amar o nosso próximo como a nós mesmos.