François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 235
O que o Evangelho diz – e não diz
Edson Ramos de Siqueira
Neste artigo apresento uma das tantas obras primas do filósofo, educador e teólogo brasileiro Huberto Rohden, na qual ele exalta a magnitude espiritual de Jesus acima daquilo que a Humanidade conhece e pensa a respeito do Mestre do Amor.
Rohden nasceu em 30/12/1893, na cidade de São Ludgero, estado de Santa Catarina, e desencarnou em São Paulo, no dia 7/10/1981.
Sua obra literária está impressa em 65 livros, caracterizada por conteúdo espiritualista de temas relacionados a Pedagogia, Ciência e Filosofia. Propôs a Filosofia univérsica, pela qual defendia a harmonia cósmica e a cosmocracia: autogoverno pelas leis éticas universais, conexão do ser humano com a consciência coletiva do Universo e florescimento da essência divina do indivíduo, reconhecendo que deve assumir as consequências dos atos e buscar a reforma íntima, sem atribuir à autoridade eclesiástica o poder de eliminar os débitos morais do fiel (pt.m.wikipedia.org).
A seguir, transcrevi um dos capítulos do livro De Alma para Alma: O que o Evangelho diz – e não diz.
“Ensinam os mestres humanos doutrinas profundas – vive o Cristo uma vida perfeita e morre uma morte heróica.
Por isso são aqueles de ontem e anteontem – o Cristo de ontem, de hoje e de amanhã.
Por isso são admirados os mestres humanos – e amado o profeta de Nazaré.
Analisam os homens verdades inteligíveis – rasga o Filho de Deus perspectivas de vida eterna.
O Cristo é hoje mais atual do que no século primeiro – giram em torno dele os pensamentos de todos os homens...
Mais de 50 mil obras foram, em centenas de línguas, escritas sobre ele – e continua o Cristo a ser o “Deus Desconhecido”.
Há tempos que o Cristo transpôs o recinto dos templos e as páginas da teologia especulativa.
Dele se ocupam o acadêmico e o artista, o negociante e o industrial, o crente e o descrente – amigos e inimigos.
Kant e Bergson, Cherteston e Renan, Murray e Barbusse, Keyserling e Papini, Rojas e Mauróis, todos os modernos e ultramodernos escrevem o que dele sabem ou julgam saber.
Toyohiko, o Dostoievski oriental, no bairro operário de Kobe, escreve estranha novela: “Antes da Alva” – drama duma alma em busca da luz.
Gandhi e Tagore falam do Nazareno – e não decifram a esfinge.
Expira Livingstone às margens do Tanganica – proclamando do coração africano as glórias do Cristo.
Mahatma Gandhi e Albert Schweitzer falam do Cristo aos asiáticos e africanos.
Pioneiros da fé aos milhares o apregoam do Alasca ao Cairo – desde os polos até o equador.
Mas, não valem 50 mil obras nem milhões de bocas dizer mais do que dele dizem os toscos fragmentos de Mateus e Marcos, de Lucas e João.
E mais do que nas linhas se lê, adivinha-se nas entrelinhas...
Ó Jesus! Se tão admirável é o que de ti diz o Evangelho – quão estupendo deve ser o que de ti calou!
Se tanto dizem os sacros fragmentos que possuímos – quanto não entredizem as lacunas que entre eles se abrem!...
Se tão belo é o que, por dizível, foi dito – quão sublime será o que, por indizível, não foi dito!...
Se tão vasto é o dia luminoso do que contemplamos – quão profunda deve ser a noite estrelada do que ignoramos!...
Leio nos dizeres evangélicos, ó Nazareno, o poema da tua vida terrestre – e adivinho-lhe nas reticências a epopeia dos teus mistérios divinos...
Não, não quero saber o que mais disseste e fizeste – quero ter a liberdade de voar por espaços ignotos...
Quero inebriar minh’ alma com o que não foi escrito em parte alguma...
Quero voar para além de todos os litorais – para além de todas as atlântidas, galáxias e nebulosas...
Para encontrar o que nunca foi dito nem escrito de ti – por indizível e indescritível...
Quero ler o Evangelho inédito!...
O Evangelho do eterno silêncio...
A ti mesmo, ó Cristo...
Evangelho divino...”.