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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 250



O Educador



Martha Triandafelides Capelotto



Nos tempos atuais, muito se fala a respeito de educação, como forma de melhora da nossa humanidade. Ponto pacífico que ela seja essencial para o desenvolvimento intelectual, moral, ético e espiritual da criatura humana.

Hoje, quero fazer algumas reflexões sobre a figura do educador, me detendo naqueles que têm uma tarefa específica, quais sejam, os pais e os professores.

Iniciarei fazendo um questionamento: Como prepará-los para bem cumprirem sua missão?

Os profissionais da Educação, bem ou mal, se especializam no assunto; os pais, em sua maioria, jamais estudaram algo a respeito. A maior parte nem sequer se compenetra da necessidade de refletir sobre esta tarefa sagrada que Deus lhes coloca nas mãos, que é educar uma criança. E, no entanto, a responsabilidade desta missão é vital. Dela depende o futuro da humanidade, dela depende, em grande parte, a realização e a felicidade das novas gerações.

O que muitos não sabem é que o fracasso no cumprimento desta tarefa acarreta consequências dolorosas nesta vida como em outras.

O que me parece altamente relevante é que, a despeito das escolas, cursos, debates, livros, que é útil e bom, melhor ainda seria se tivéssemos, ao lado disso, escolas para pais, preparando-os para as responsabilidades vindouras, dando enfoque, em caráter especial, à autoeducação. 

Infelizmente, poucos são os que aceitam isso, pois é muito mais fácil prescrevermos ditatorialmente normas de conduta aos outros, do que lutarmos continuadamente para vencermos a nós mesmos. O poder da educação repousa sobre a autoridade moral e essa se adquire pela conquista de virtudes e pelo esforço no próprio aperfeiçoamento.

Assim, que ninguém se iluda. Para cumprir uma tarefa específica na Educação, seja como pai, como mãe ou professor ou, em qualquer outra relação humana, é preciso buscar a própria melhoria, cultivar a paciência, a renúncia, a doação irrestrita de si.

No tocante aos pais, a preparação deveria começar cedo. Desde criança, todos deveriam sentir o que há de alegria, responsabilidade e grandeza nessa tarefa. No período infantil, isso deveria ser mostrado, primordialmente pelo exemplo dos pais. A vida intensa em família, o envolvimento inteiro de pai e mãe com os filhos, sua dedicação constante, certamente fará das crianças bons futuros pais.

E, para que este sonho de uma educação eficaz possa se concretizar, algumas qualidades que um bom educador deverá apresentar ou esforçar-se para obtê-las: Autoridade moral, que não se impõe, mas, conquista-se por uma vida reta, pela renúncia aos vícios morais e até às futilidades; a Religiosidade, no sentido de buscar-se uma fé fundamentada, refletida e sincera, que dá toda a força moral para vencer a si mesmo e caminhar para o bem; equilíbrio; lucidez espiritual; capacidade de observação, no sentido de saber ouvir, de analisar as reações humanas; humildade, para reconhecer que, às vezes, o educando é mais evoluído espiritualmente do que os pais ou que um aluno pode dar lições a seu mestre; paciência, para ensinar, para exemplificar, para repetir, para esperar a frutificação, sem forçar a nada; firmeza e energia, sem o desprezo da doçura e da humildade; entusiasmo pelo saber.

Assim, todas essas medidas e qualidades descritas são necessárias, úteis e boas para a educação individual de cada um, independentemente se atuamos ou não como educadores. Mas, se estivermos investidos dessa tarefa, aumenta a nossa necessidade de possuí-las, porque, se falharmos moralmente apenas para nós mesmos, teremos de acertar contas com o nosso futuro pessoal, mas, se falharmos na missão de educar, seremos, pelo menos parcialmente, responsáveis pelo fracasso de outros Espíritos.

Sonho, utopia ou algo que poderá ser um dia realizado?

Somente o tempo nos dirá.