François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 260
Princípios essenciais do Espiritismo, conforme Léon Denis
O Espiritismo, organizado por Allan Kardec, teve como marco inicial o lançamento de O Livro dos Espíritos, em Paris, no dia 18/4/1857. Trata-se de uma Doutrina eminentemente prática e objetiva, cujos conceitos, livres das fantasias e imposições dogmáticas, contribuem sobremaneira ao preenchimento do vazio existencial que prevalece no âmago do ser humano, dando margem à aceleração da evolução dos Espíritos que a estudam, independentemente de serem espíritas ou não. É importante salientar que o Espiritismo nos ensina a pensar, e não o que pensar. O respeito à liberdade do próximo é clausula pétrea!
A facilitação do processo evolutivo se deve ao fato de Kardec ter estruturado a Doutrina sobre três pilares fundamentais:
Princípios morais do Evangelho, Ciência e Filosofia.
Nos primórdios do Espiritismo, Gabriel Delanne impulsionou a vertente científica, enquanto Léon Denis trouxe à luz questões filosóficas essenciais ao desenvolvimento doutrinário de seus adeptos, através de uma riquíssima e profunda obra literária à disposição dos interessados. De uma delas (O problema do ser, do destino e da dor) transcrevi os princípios essenciais do Espiritismo, conforme o eminente filósofo.
I – “O primeiro princípio do conhecimento é a ideia do Ser (Inteligência e Vida). A ideia do Ser impõe-se: “Eu Sou”! Esta afirmação é indiscutível. Não podemos duvidar de nós mesmos. Mas, esta ideia, só, não pode bastar; deve completar-se com a ideia de ação e vida progressiva: “Eu sou e quero ser, cada vez mais e melhor”!
O Ser, em seu “eu” consciente – a alma, é a única unidade viva, a única mônada indivisível e indestrutível, de substância simples, que em vão se procura na matéria, porque só existe em nós mesmos. A alma permanece invariável em sua unidade através dos milhares e milhares de formas, dos milhares de corpos de carne que constrói e anima para as necessidades de sua evolução eterna; é sempre diferente pelas qualidades adquiridas e pelos progressos realizados, cada vez mais consciente e livre na espiral infinita de suas existências planetárias e celestes.
II – Entretanto, a alma só em metade pertence a si mesma. Pela outra metade ao Universo, ao todo de que faz parte. Por isso só pode chegar ao inteiro conhecimento de si mesma pelo estudo do Universo.
A aquisição desse duplo conhecimento é a própria razão e o objeto de sua vida, de todas as suas vidas, pois que a morte é, simplesmente, a renovação das forças vitais necessárias para mais uma nova fase.
III – O estudo do Universo demonstra, logo à primeira vista, que uma ação superior, inteligente, soberana governa o mundo. O caráter essencial desta ação, pelo próprio fato de sua perpetuidade, é a duração. Pela necessidade de ser absoluta, esta duração não poderia comportar limites: daí a Eternidade.
IV – A Eternidade, viva e agente, implica o ser eterno e infinito, Deus, causa primária, princípio gerador, origem de todos os seres. Dizemos eterno e infinito, porque o ilimitado na duração implica matematicamente o ilimitado na extensão.
V – A ação infinita está ligada às necessidades da duração. Ora, onde há ligação, relação, há Lei. A lei do Universo é a conservação, é a ordem e a harmonia. Da ordem deriva o bem; da harmonia deriva a beleza.
O fim mais elevado do Universo é a beleza sob todos os seus aspectos: material, intelectual, moral. A Justiça e o Amor são seus meios. A beleza, em sua essência, é, pois, inseparável do Bem, e, ambas, por sua estreita união, constituem a Verdade absoluta, a Inteligência suprema, a Perfeição!
VI – O fim da alma, em sua evolução, é atingir e realizar em si e em volta de si, através dos tempos e das estações ascendentes do Universo, pelo desabrochar das potências que possui em gérmen, esta noção eterna do belo e do bem, que exprime a ideia de Deus, a própria ideia de perfeição.
VII – Da lei da ascensão, bem entendida, deriva a explicação de todos os problemas do Ser: a evolução da alma, que recebe, primeiramente, pela transmissão atávica, todas as suas qualidades ancestrais, depois as desenvolve por sua ação própria, para lhes acrescentar novas qualidades, a liberdade relativa do ser relativo no Ser absoluto; a formação lenta da consciência humana através dos séculos e seus desenvolvimentos sucessivos nos infinitos do porvir; a unidade de essência e a solidariedade eterna das almas, em marcha para a conquista dos altos cimos”.
Quando nos aprofundamos nos ensinamentos de mestres como Léon Denis, percebemos o quanto a Humanidade se encontra subdesenvolvida moralmente; iludida com a matéria efêmera, principal causa da maldade que assola os Espíritos deste Planeta. A aprendizagem da realidade da Vida é o caminho para o despertar da consciência, para a mudança da frequência vibratória dessa dimensão em que nos encontramos. Para isso, o mal deverá ser substituído pelo Amor. De que forma?
“Somente a Educação, mais do que a instrução, poderá transformar a Humanidade! (Allan Kardec).