François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 284
Falando de Obsessão (Parte 15)
Alfredo Zavatte
Quais as questões essenciais no tratamento da obsessão?
É muito importante para todos os espíritas, sobretudo aos
trabalhadores dos Centros, que estudem constantemente, conforme a orientação de
Allan Kardec: “amai-vos e instruí-vos”(1).
Alguns frequentadores das Casas Espíritas entendem que, no
tratamento da obsessão, basta assistir algumas palestras e receber passes ao
final das reuniões. Isso faz parte do tratamento, mas não é suficiente. A
seguir, listamos os procedimentos a serem adotados:
1º) A Casa Espírita deverá receber o obsediado para uma
conversa durante a atividade denominada “auxílio fraterno” e, em caso de
impossibilidade do seu comparecimento, essa conversa será feita com um familiar
ou acompanhante, para que se possa inteirar do assunto.
2º) O obsediado deverá assistir as palestras.
3º) O obsediado deverá receber o passe, ao final ou no início
da reunião.
4º) O obsessor do paciente será submetido ao importante procedimento
de conscientização, para que compreenda que o processo obsessivo também lhe faz
mal. Essa atividade é realizada em reunião mediúnica com a presença reservada
exclusivamente aos médiuns e doutrinadores.
5º) A manifestação da vontade do obsidiado em realizar sua
reforma íntima é fundamental na evolução do processo de desobsessão.
As Casas Espíritas devem estar preparadas para desenvolver
essa atividade, tendo em vista que a obsessão envolve não somente o paciente,
carente de ajuda, mas, também, o agente causador.
Outra questão importante, em muitas situações, é a
possibilidade da origem da obsessão estar em outros membros da família, e não
diretamente no paciente.
Eis um exemplo comum: qual a dor mais pungente, aquela que
nos atinge diretamente ou a que acomete nossos entes queridos?
A resposta é óbvia: a dor mais pungente é a que atinge
nossos entes queridos. Os obsessores sabem disso e podem usar essa estratégia.
Qual a diferença entre os espíritos bons e os espíritos
obsessores?
Vejamos o que nos ensina Allan Kardec:
“A obsessão nunca é praticada senão pelos espíritos
inferiores, que procuram dominar. Os bons espíritos nenhum constrangimento
infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem,
retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem
fazer suas presas. Se chegam a dominar alguns, identificam-se com o Espírito
deste e o conduzem como se fora verdadeira criança”(2).
Observamos que, se os encarnados não desejarem ouvir os
conselhos dos bons Espíritos, estes, em respeito ao “livre-arbítrio”,
afastam-se, enquanto os encarnados que queiram ouvir os maus conselhos, têm os Espíritos
obsessores agarrados a eles. Observa-se, aí, a sutileza em um e a perversidade
em outro.
Analisemos os procedimentos relacionados à desobsessão:
AUXÍLIO FRATERNO:
Sugere o desenvolvimento das atividades de assistência espiritual, baseado na realidade
de que qualquer pessoa que chegue ao Centro Espírita com problemas espirituais,
e nisto se incluem perturbações, agressividade, nervosismo, alterações de
comportamento, vícios, etc, recebe orientações e é direcionado para a atividade
necessária. Essas orientações são oferecidas a título de sugestão, não há
imposição.
A recepção à pessoa que busca o Centro deve ser fraternal
para que ela tenha a liberdade de expor suas dificuldades livremente, em
caráter privativo.
Essa função é muito importante porque muitos estão
desorientados, nervosos, apresentando até algum receio devido às suas origens
religiosas ou culturais. Esse primeiro contato pode influir muito para que a
pessoa aceite ou não a assistência espiritual.
As pessoas encarregadas dessa tarefa, no Centro Espírita,
devem estar preparadas convenientemente para serem fraternas e compreensivas no
acolhimento, porém, não devem nunca orientar os assistidos sobre problemas
pessoais.
O entrevistador é o colaborador que tem a função
especializada de dialogar com o assistido, a fim de lhe dar esclarecimentos
relativos às atividades do Centro que sejam apropriadas, para que seu bem-estar
se restabeleça. O entrevistador deve ter conhecimento para orientar. Assim, o
estudo é essencial, pois ninguém pode dar aquilo que não tem. Deve lembrar
sempre que o diálogo deve ser fraterno e não doutrinador, tendo, o orientador,
a função de mostrar opções e deixar a critério do interessado aquele que ele
desejar seguir. O livre-arbítrio deve ser sempre respeitado.
Outro detalhe extremamente importante ao orientador é nunca
prometer cura, nem estipular prazo para o tratamento, pois disso depende o
empenho do paciente, dentre outros fatores.
O OBSIDIADO PRECISA ASSISTIR AS PALESTRAS: A
palestra, embora muitos a desprezem, tem grande importância e traz muitos
benefícios, tanto à Casa Espírita como, principalmente, aos frequentadores,
pois constitui etapa importante do acolhimento espiritual.
Geralmente, as pessoas chegam apressadas, depois que a
palestra começou e muitos sequer a assistem, chegando somente no momento dos
passes. Sem contar aqueles que chegam com pensamentos atormentados por
problemas do dia a dia, sem se dar conta de que perdem uma grande oportunidade
de tornarem-se mais receptivos às energias positivas que serão absorvidas no
momento do passe, tornando-se alvos de entidades benfazejas, muito antes de
entrarem na sala de atendimento.
É importante compreender que, durante a palestra, o
atendimento espiritual já começou. As entidades benevolentes valem-se deste
momento para determinar o tipo de medicamento espiritual (fluidos) a serem
recebidos pelos frequentadores, de acordo com a enfermidade ou desarmonia que
carregam.
Lembremo-nos sempre de que cada um de nós tem que fazer a
sua parte.
Assim, dizemos que Deus alimenta todas as aves, mas não
coloca o alimento em seus ninhos.
Paz a seu Espírito.
Citações:
1)- Kardec, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo. Editora
LAKE- 1974- 9ª Edição Capítulo VI (“O Cristo Consolador”)
2)- ___/___. Livro dos Médiuns. Editora FEB- 43ª Edição-
1981- Questão 237 “Advento do Espírito de Verdade”.