François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 68
O grande Pensador Léon Denis (parte I)
Edson Ramos de Siqueira
Léon Denis nasceu em 1/1/1846, na cidade de Foug, na
França, e desencarnou no dia 12/4/1927, em Tours, onde viveu desde os 16 anos
de idade.
Claire
Baumard, secretária do Mestre durante seus últimos 9 anos de vida, e autora do
livro: “Léon Denis na intimidade”, afirmou que a vida espiritual do Filósofo
foi orientada para a questão do destino humano, desde a adolescência. Porém,
foi aos 18 anos de idade que ele manteve seu primeiro contato com o Espiritismo.
Palavras
de Léon Denis, em citação da autora:
“Eu
tinha 18 anos quando, em 1864, passando um dia pela principal rua da cidade vi,
entre os livros expostos de uma livraria, “O Livro dos Espíritos”, de Allan
Kardec. Eu o comprei e o li com ansiedade, escondido de minha mãe, muito
receosa a respeito de minhas leituras.
Detalhe
divertido, ela havia encontrado o meu esconderijo e, por sua vez, lia esse
livro em minha ausência. Ela se convenceu, como eu, da grandeza e beleza dessa
revelação”.
Um
fato marcante no início da trajetória espírita de Léon Denis, já como um dos
continuadores do trabalho realizado por Allan Kardec, foi uma comunicação
mediúnica ocorrida em 2/11/1882, na qual se manifestou, pela primeira vez, seu
Mentor Espiritual Jerônimo de Praga. Frequentemente ele transmitia palavras de
estímulo e apoio a Denis.
Mas,
quem foi Jerônimo de Praga?
Nasceu
em Praga no ano de 1379 e desencarnou em 1416, em Constança. Teólogo e
Filósofo, foi o principal discípulo e grande amigo de Jan Huss.
Em
1402, Jerônimo esteve na Universidade de Oxford, na Inglaterra, onde estudou as
obras de John Wycliffe (1328 – 1384), pároco e professor inglês, considerado um
dos principais precursores da Reforma Protestante na Europa, que viria a
ocorrer no século XVI, sob a liderança de Martinho Lutero e João Calvino.
Wycliffe criticava veementemente o Clero Católico no século XIV.
A
partir de janeiro de 1410, Jerônimo de Praga passou a se pronunciar a favor das
filosofias de John Wycliffe, da mesma forma que Jan Huss. Em março do mesmo
ano, foi editada uma bula papal contra os pensamentos de Wycliffe. Em vista
disto, Jerônimo foi preso em Viena e excomungado da Igreja pelo Bispo da
Cracóvia.
Conseguiu
fugir e voltou para Praga, onde se dedicou a divulgar publicamente as teses da
Reforma da Igreja pregadas por Jan Huss (Movimento Hussita), baseadas na teoria
de John Wycliffe,
Este
fato provocou sua condenação à morte (da mesma forma que Jan Huss), em
consequência não apenas de seu apoio às ideias de Wycliffe, como também pela
admiração que tinha por Huss.
Jan
Huss (1369 - 1415), Teólogo, Pensador, foi Reitor da Universidade de Praga.
Teve grande importância na História literária tcheca, em função de sua
vastíssima obra escrita. Foi o reformador do idioma tcheco.
Jan
Huss foi morto pela fogueira da Inquisição em 6/7/1415 e, da mesma maneira,
Jerônimo de Praga em 30/5/1416, ambos em Constança. Entre 1414 e 1418, esta
cidade alemã sediou o 16º concílio ecumênico da Igreja Católica.
John
Wycliffe, Jerônimo de Praga e Jan Huss se notabilizaram como os precursores da
Reforma Protestante.
Façamos
agora uma análise dos prováveis elos entre os personagens citados e os nomes
icônicos do Espiritismo, com base em comentários da escritora espírita e grande
estudiosa das obras de Léon Denis, Luzia Helena Mathias Arruda, publicados no livro
“Léon Denis na intimidade”, de Claire Baumard.
Hippolyte
Léon Denizard Rivail, em reunião mediúnica na residência do senhor Baudin, em
Paris, no ano de 1856, recebeu a informação de Zéfiro, seu Mentor Espiritual,
de que se conheceram na Gália em existência pretérita, no tempo dos Druidas
(sacerdotes da civilização celta, responsáveis pela Educação, pelas orientações
jurídicas e filosóficas, e atuavam como conselheiros nas mais distintas áreas),
ocasião em que Hippolyte se chamava Allan Kardec; pseudônimo por ele adotado a
partir da publicação de O Livro dos Espíritos. Kardec fora um grande chefe
Druida. Quando o Imperador romano Júlio César invadiu a Gália, em 58 a.C.,
Zéfiro e Kardec lá viviam.
Algum
tempo após a publicação das obras básicas do Espiritismo, entra em cena Léon
Denis, grande estudioso das questões célticas; fato que sugere sua ligação com
Kardec desde o tempo dos Druidas, antes de Cristo.
O fato
de Jerônimo de Praga ter sido Mentor Espiritual de Léon Denis, pode nos fazer
supor provável ligação entre os dois no esclarecimento da população na época
dos movimentos reformistas do século XIV, que geraram a Reforma Protestante no
século XVI.
Por
outro lado, a Sociedade Espírita de Paris possui documentos dos quais constam
as revelações a Kardec de sua encarnação como Druida e, séculos mais tarde,
como Jan Huss, na Boêmia, hoje República Tcheca. Cabe salientar que os Druidas
eram Educadores, Jan Huss foi Educador e Hippolyte Léon Denizard Rivail também.
A
escritora Luzia Helena Mathias Arruda declarou não ter subsídios para afirmar
que Léon Denis tenha sido a reencarnação de John Wycliffe; porém, constatou indiscutível
similaridade entre eles no tocante aos dons da oratória e da escrita.
Independentemente
do histórico reencarnatório de cada um dos referidos Espíritos, a probabilidade
de terem convivido e trabalhado juntos em desafios atrozes de grande magnitude,
em diferentes encarnações, é alta e totalmente provida de lógica. A preparação
dos Espíritos para tarefas de grande vulto e importância para a História da
Humanidade não se realiza em apenas uma encarnação. O processo educacional é
longuíssimo....
A seguir, transcrição da comunicação de
Jerônimo de Praga a Léon Denis, em 11/10/1885:
Meu
filho, é preciso espalhar em toda parte a vida e a luz, vai onde te chamam, vai
onde haja o bem a fazer, eu apoiarei teus passos vacilantes, eu te acompanharei
nas sendas da sabedoria. Coragem
meu filho; não receies nada dos maldosos, eles não têm influência sobre ti. A
verdade por todos os meios. Adeus meu filho, eu te abençoo”.
A
partir de agora, abordarei trechos de alguns pensamentos extraídos das obras de
Léon Denis. Iniciemos com sua visão a respeito da Doutrina Espírita.
“A
doutrina dos espíritos aparece como um raio consolador, como um novo sol,
levantando-se sobre um mundo de escombros e de ruínas. Em
meio ao grande drama que atormenta o mundo, muitas almas se entristecem e os
pensamentos voltam-se para o Além, ávidos de consolação e de esperança”.
“Essa
pesquisa da verdade deve ser levada adiante com a ajuda de um controle rigoroso
e metódico. As justas exigências do espírito moderno
nos impõem passar todos os fatos pelo crivo de um exame imparcial, e devemos
nos acautelar contra os perigos da credulidade e das afirmações prematuras.
Apoiando-se
em provas bem estabelecidas sobre bases sólidas, o Espiritismo deve preparar,
renovar a educação científica, racional e moral do homem.
O
Espiritismo não é somente uma ciência de observação, mas também de sentimento e
de amor, pois que se dirige ao mesmo tempo à inteligência e ao coração.
A
Humanidade, cansada do dogmatismo religioso, atormentada pela necessidade de
saber, volve suas vistas para a Ciência; aguarda o seu veredictum definitivo,
que lhe permitirá orientar seus atos, fixar suas opiniões e crenças.
Dia virá, em que todos
os pequenos sistemas, acanhados e envelhecidos, fundir-se-ão numa vasta
síntese, abrangendo todos os reinos da ideia. Ciências, filosofias, religiões,
divididas hoje, reunir-se-ão na luz e será então a vida, o esplendor do
espírito, o reinado do Conhecimento”.