François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 84
A
evolução da Educação – I
Martha
Triandafelides Capelotto
Para entendermos o enunciado acima, preciso será uma longa viagem na
história da nossa humanidade, para identificarmos onde se iniciou o processo
educativo da criatura humana e o quanto ainda falta para que ela atinja os
páramos mais elevados da educação.
Primeiramente, precisaríamos compreender que o Espírito é o ser
inteligente da Criação, tendo iniciado sua trajetória simples e ignorante,
destinado à perfeição.
Assim, perfeição é algo que não se adquire da noite para o dia, razão
pela qual, outro imperativo se faz necessário, que é entender o processo
reencarnatório. Nas sucessivas reencarnações, o Espírito desenvolve seus
implementos básicos, corpóreos e espirituais, físicos e morais.
O processo reencarnatório proporciona a educação do Espírito, e, neste
tocante, importante ressaltar que, antes que o Espírito se sujeite a um sistema
educacional formal, ele está atrelado à pedagogia da existência na carne,
aprendendo a defender-se e a prover a sua subsistência.
Muitos séculos e milênios se passaram até que principiou articular a
linguagem, manifestando tudo o que lhe acerca. Após o despertar do raciocínio,
muito mais tarde, desbrava, primeiramente, o mundo ao seu redor, para, numa
etapa seguinte, cogitar das questões mais íntimas do seu interior. Somente
muito mais tarde, irá indagar sobre o princípio das coisas e, no período
clássico da Grécia, entre os séculos V e IV antes da era cristã, dar-se-á o
florescimento das escolas, onde lhe será oferecido o estudo formal.
Com relação a este, o estudo formal, ele praticamente começa com a
invenção da escrita, por volta do quarto milênio antes de Cristo. A primeira
escrita, cuneiforme (formato de cunha), foi desenvolvida pelos sumérios, na
região da mesopotâmia. Posteriormente, adviria a escrita hieroglífica, às
margens do Rio Nilo, no antigo Egito. O primeiro alfabeto surgiu com os
fenícios, por volta do século XIII a.C., tendo sido o mesmo aperfeiçoado pelos
gregos, pouco mais tarde, possibilitando os registros dos feitos da humanidade,
já que tudo se transmitia via oral. Finalmente, vieram as escolas.
Com a escrita e as escolas, surgem as primeiras obras de cunho
pedagógico, principalmente destacando-se Homero e Hesíodo, formadores do
pensamento grego e, a partir do século VI a.C, com o advento da Filosofia, os
textos proliferaram e, a consequência disto, uma forte tendência a formar
consciências, através do pensamento exteriorizado.
E o processo educacional prossegue e foi ganhando novos contornos,
rompendo com as tradições míticas do passado para alcançar, com Pitágoras,
Tales, Heráclito, Demócrito e tantos outros, a fórmula do desenvolvimento do raciocínio
filosófico. Os sofistas vieram a ser os primeiros professores da História,
criando um modelo de ensino que continua atual em todo o mundo civilizado. Seus
instrumentos de trabalho: a retórica (arte da palavra) e a erística
(argumentação), tendo seu expoente maior em Protágoras. Porém, este encontra
opositores ferrenhos, entre os quais se destacaram Sócrates e Platão. Sócrates
foi considerado “o mais espantoso fenômeno pedagógico da História do Ocidente”,
que utilizava a técnica da “maiêutica” para promover o “parto” das ideias.
Sócrates dizia que “a vida sem exame é indigna do homem”. É de se frisar que os
métodos de ensino, os recursos pedagógicos, o conceito de educação mudaram,
mas, o modelo básico ainda permanece.
Posteriormente, apesar de os caminhos da cultura estarem de certa forma
desbravados, os homens continuavam incultos e bárbaros, pois faltava-lhes a
educação no sentido real da palavra. Surge, então, no cenário, Jesus,
“assinalando o aparecimento do horizonte espiritual” no feliz dizer de
Herculano Pires, que com sua pedagogia inigualável elevou a educação a níveis
jamais vistos até ali. Sua Doutrina é a do Amor, mas o Amor no sentido divino,
sublime e numa única síntese, expõe o Sermão do Monte e crava ali a porta
estreita da educação humana.
Observação:
a parte II deste artigo será publicada na próxima
semana (85).