François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 86
Léon Denis e Joanna de Ângelis comentam sobre Helen Keller
Por Sonia Hoffmann
Helen Adams Keller
nasceu em 1880, em Tuscumbia (Alabama, EUA) e passou para a Pátria Espiritual
em 1968. Aos dezoito meses de idade, ela ficou cega e surda. Por não conseguir
ouvir, não tomou conhecimento com os sons e, sem aprendizagem adequada, ficou
sem se comunicar pela fala (fato que muitos consideram como muda). Para se
integrar na sociedade, sua vida foi marcada por lutas e desafios árduos, mas foi
vitoriosa. Além de célebre escritora, filósofa e conferencista, tornou-se
personagem famosa e importante pelo trabalho incessante desenvolvido para o
bem-estar das pessoas com deficiências, em seu país e no restante do mundo.
Sua infância inicial
se passou sem receber orientação adequada, mas pouco antes de completar sete
anos de idade a professora Anne Sullivan foi morar em sua casa para ensiná-la.
A aprendizagem de Helen teve como marco
importante o episódio de Anne, experiente mestra, colocar a mão da menina na
água fria e sobre a pele da outra mão soletrar a palavra "água". De
repente, os sinais alcançaram profundo significado na consciência de Helen e,
ao anoitecer daquele dia, aluna e professora já haviam relacionado trinta
palavras aos seus significados. Rapidamente, ela aprendeu os alfabetos braille
e manual.
Em 1890, em torno
dos dez anos, Helen surpreendeu sua Professora com o pedido para aprender a se
comunicar pela fala. Atendida, foi, então, matriculada no Instituto Horace Mann
para Surdos (em Boston). Mais tarde, ingressou na Escola Wright-Eumason Oral
(em New York), onde durante dois anos recebeu lições de linguagem falada e de
leitura pelos lábios. Antes de formar-se, Helen iniciou na literatura com a
escrita da sua autobiografia com o título "A História de Minha Vida"
(em 1902). Em seguida, atuou no jornalismo, escrevendo uma série de artigos no
"Ladies Home Journal".
Léon Denis, em sua
obra O problema do ser, do destino e da dor, fez extenso comentário sobre as habilidades
apresentadas por Helen Keller, apontando que ela se comunicava e interagia com
o mundo circundante através do sentido do tato. Sua bagagem intelectual era
considerável, conhecedora de três idiomas e com apurado sentimento estético, o
qual lhe permitia desfrutar das obras de arte e das harmonias da Natureza. Por
meio do contato das mãos, Helen distinguia o caráter e a disposição de espírito
de quem encontrava. Com a ponta dos dedos fazia leitura labial e dos caracteres
salientes de livros impressos para ela.
A consciência de
Helen iluminava-se com conhecimentos e reflexões abstratas, inteligentes e com
razão equilibrada e superior, possuindo profundos conhecimentos de Álgebra e de
mais outros elementos da matemática, um pouco de Astronomia, de grego e de
latim. Ela também escrevia como poetisa e psicóloga.
Léon Denis ponderou
que o sentido do tato era impotente e insuficiente para produção de tal estado
mental, considerando que evidentemente Helen Keller era um ser evoluído,
retornando pela reencarnação com aquisições conquistadas nos séculos já
percorridos anteriormente. Para ele, a condição dela provava que, por trás dos
órgãos momentaneamente comprometidos e atrofiados, existia uma consciência
desde muito familiarizada com as noções do mundo exterior. Ele acrescentou mais
ainda: ao mesmo tempo, foi uma demonstração da existência de vidas anteriores
da alma e da existência dos seus próprios sentidos, atuando independentes da
matéria, dominando-a e sobrevivendo a toda e qualquer desagregação corporal.
Para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da percepção, de modo geral, é
preciso, a princípio, o despertamento do sentido íntimo ou espiritual.
Joanna de Ângelis
menciona, no livro O ser consciente, que Helen Keller com as suas privações de algumas habilidades do
corpo físico e mesmo assim buscando formas de interação com as demais pessoas,
comoveu (e podemos entender e afirmar que ainda comove) o mundo com a sua cultura,
extrema coragem e amor a Deus, ao próximo, à vida e a si própria. No livro
Rumos libertadores, Joanna também considera que Helen, não obstante suas
adversidades, escolheu o rumo da sua iluminação interior e, saindo da amargura
na qual poderia se encerrar, alienando-se e omitindo-se, encontrou a alegria de
viver e ensinou a técnica da felicidade para todos.
Portanto, seja qual
seja a adversidade, cada um de nós pode buscar vias alternativas e estratégias
de convívio recíproco: necessário é vontade, esforço e acolhimento! A
diversidade de aptidões e de possibilidades se apresentam para todos
cotidianamente, mas a insistência de ações excludentes e formação de barreiras
atitudinais ainda são bastante fortes. Precisamos urgentemente ressignificar e melhor
aproveitar nossa oportunidade reencarnatória, desenvolvendo um olhar mais
fraterno, um comportamento mais fraterno e solidário e nos permitir sair da
condição de ignorância, preconceito e intolerância, possibilitando a nós e ao
próximo, de maneira justa e coerente, a almejada emancipação moral e
intelectual.