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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 106

 

 

O Espiritismo e a Ciência (Parte III)

 

 

Edson Ramos de Siqueira

 

 

            Ressalto uma vez mais, a magnitude que a Ciência representa no âmago da Doutrina Espírita, ao apresentar outros aspectos elucidativos da intensa atuação de Gabriel Delanne, no sentido de levar adiante os propósitos de Allan Kardec quanto à consolidação do tripé de sustentação Ciência – Filosofia – Princípios Morais Evangélicos.

            No ano de 1896, Marie-François Hector Durville (1849 – 1923), autor, magnetizador e pesquisador na área do magnetismo animal, fundou, em Paris, a Universidade de Estudos Avançados. Ela era composta por três Faculdades:

            - Ciência Magnética,

            - Ciência hermética e

            - Ciências Espíritas, cujo Diretor era o Engenheiro Gabriel Delanne.

             Em junho de 1898, Delanne apresentou, num Congresso Internacional em Londres, um longo e completo estudo sobre as vidas sucessivas. Além da apresentação, ele participou como delegado da Seção Francesa da Federação Espírita Universal, da Federação Espírita Lionesa e da União Kardecista Italiana, e foi um dos autores do apelo aos espiritualistas científicos, apresentado no Congresso, em nome do Sindicato da Imprensa Espiritualista da França.

            No mês de novembro deste mesmo ano, por ocasião da comemoração pelos espíritas franceses, do cinquentenário do Espiritismo, houve duas conferências públicas; uma realizada por Léon Denis, e a outra por Gabriel Delanne, na qual ele salientou que: “O Espiritismo é uma Ciência sublime, que dá a solução do temível problema da morte e que leva em suas entranhas a regeneração da Humanidade pela certeza absoluta de seus métodos”.

            Em janeiro de 1899, a Federação Espírita Universal se transformou em Sociedade Francesa de Estudos dos Fenômenos Psíquicos, tendo como Presidente o Dr. Moutin e como Vice- Presidente Gabriel Delanne, que, posteriormente, assumiu a presidência. A Sociedade desenvolveu-se bastante, tendo formado bons espíritas e grandes pesquisadores.

            A seguir, transcrevi um trecho da carta que Gabriel Delanne escreveu em 1906 a Léopold Dauvil, redator chefe da Revista Espírita, fundada por Allan Kardec em 1858. A carta foi publicada na Revista em janeiro de 1907.

            ....”Já passou o tempo em que a Ciência era a propriedade característica de alguns privilegiados; ela se democratizou e cada um pode fazer trabalho sábio, empregando judiciosamente seus métodos.

            As pesquisas sobre o Espiritismo se multiplicam nesse ponto, e é preciso ser profundamente indiferente para não as conhecer, porque não são apenas individualidades isoladas que delas se ocupam, mas numerosos agrupamentos, alguns formando verdadeiras academias, que tiveram origem fora das corporações oficiais.

            A fundação, na Inglaterra, da Sociedade de Pesquisas Psíquicas, e a do Instituto Geral Psicológico, na França, são provas vivas de nossa influência sobre as inteligências que refletem, pois os que não cerram, sistematicamente, os olhos diante da evidência, já vislumbram a importância enorme das pesquisas, que abrem à Ciência e às aspirações religiosas da Humanidade, horizontes que valem ser estudados em profundidade.

            Substituindo a fé cega numa vida futura, pela inquebrantável certeza, resultante de constatações científicas, tal é o inestimável serviço prestado por Allan Kardec à Humanidade.

            Fazer a luz da observação, e até mesmo a experimentação, penetrar num domínio reservado às obscuras e intermináveis discussões filosóficas, era fazer obra de mestre, quebrar os velhos padrões do pensamento, infundir sangue novo no antigo espiritualismo, renovar a Psicologia, indicando-lhe um novo e fecundo caminho, e preparar a mais rica colheita de conhecimentos novos que se tenha feito nesses dois mil anos.

            Uma semelhante revolução intelectual não se realiza sem levantar tempestades. O Espiritismo tem sido combatido por inúmeros adversários, porque ele está em oposição com quase todas as opiniões reinantes, já que suas experiências demonstram a falsidade das teorias materialistas, a insuficiência dos sistemas espiritualistas, que não conhecem a verdadeira natureza da alma, e os erros dos ensinos religiosos relativos à origem e ao destino do princípio pensante.

            Também os insultos, zombarias e maldições lhe foram pródigos. Todavia, levado pelo irresistível poder que se destaca da observação científica, o Espiritismo desdenha esses ultrajes e, respondendo com fatos aos falsos argumentos de seus contraditores, derruba os obstáculos acumulados em sua rota e conquista, a cada dia, novos adeptos, até entre seus adversários.

            Obrigaram inteligências, como as de Crookes, Wallace, Varley, Lodge, Zollner, Lombroso, Myers, Hodgson, a reconhecerem a incontestável realidade das relações entre os vivos e os chamados mortos”.

 

            Observação: as partes I e II deste artigo se encontram nas semanas 102 e 103, respectivamente. A parte IV será publicada em 15/1/22.