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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 109



O Espiritismo e a Ciência (Parte IV)


Edson Ramos de Siqueira

 

 

            O médico e cientista francês Charles Robert Richet (1850 – 1935), foi professor da Faculdade de Medicina de Paris, editor da Revue Scientifique (Revista Científica) por 24 anos, e co-editor do Journal de Physiologie et de Pathologie Générale (Revista de Fisiologia e Patologia Geral). Recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1913, pelas pesquisas que estabeleceram os mecanismos da anafilaxia e suas ações no organismo humano, além de ter contribuído para a Ciência, de forma magistral, em outras áreas relativas à Fisiologia e à Medicina (Pagnussat Neto, E. & Quevedo F. S., 2019).

            “Anafilaxia ou choque anafilático, é uma reação alérgica séria, que é rápida na sua instalação e pode causar complicações graves que incluem a morte” (medicinanet.com.br).

            Por outro lado, Charles Richet desempenhou papel importantíssimo nos estudos dos fenômenos da alma, tendo sido o fundador da Metapsíquica; nome por ele proposto em 1905, quando era Presidente da Sociedade de Investigações Psíquicas de Londres. A sua maior contribuição nesta área foram os estudos do ectoplasma, executados com as participações efetivas da médium italiana Eusápia Paladino (uma das maiores médiuns da história do Espiritismo) e da francesa Marthe Béraud, ambas médiuns de materialização de Espíritos desencarnados (autoresespiritasclassicos.com).     

            Ao tratar de Ciência Espírita, em sua obra “No Invisível”, publicada em 1903, Léon Denis fez importante abordagem sobre relatos de Charles Richet e Friedrich Myers (1843 – 1901), também estudioso das questões espirituais. A seguir, um trecho de Léon Denis.

            “O professor Charles Richet, da Academia de Medicina de Paris, num longo artigo sob o título “Deve-se estudar o Espiritismo”, publicado nos Anais de Ciências Psíquicas de janeiro de 1905, reconhece que nenhuma contradição existe entre a Ciência clássica e o mais extraordinário fenômeno do Espiritismo. A própria materialização – diz ele – “é um fenômeno estranho, desconhecido, inusitado, mas é um fenômeno que nada contradiz. E nós sabemos, pelo testemunho da História, que a Ciência atual se compõe de fatos que outrora pareceram estranhos, desconhecidos, inusitados... Tão invulnerável é a Ciência quando estabelece fatos, quão deploravelmente sujeita a errar quando pretende estabelecer negações”.

            E o Sr. Charles Richet assim termina:

1º - Não há contradição alguma entre os fatos e teorias do Espiritismo e os fatos positivos estabelecidos pela Ciência.

2º - O número de escritos, memórias, livros, narrações, notas, experiências, é tão considerável e firmado por autoridades tais, que não é lícito rejeitar esses inúmeros documentos sem um estudo aprofundado.

3º - A nossa Ciência contemporânea se acha tão pouco adiantada ainda, relativamente ao que serão um dia os conhecimentos humanos, que tudo é possível, mesmo o que mais extraordinário se nos afigura... Em lugar, portanto, de parecer ignorarem o Espiritismo, os sábios o devem estudar. Físicos, químicos, fisiologistas, filósofos, cumpre que se deem ao trabalho de tomar conhecimento dos fatos espíritas. Um longo e árduo estudo é necessário. Será indubitavelmente frutuoso.

            Pouco depois do artigo do Sr. Charles Richet, uma obra importante aparecia, que teve grande repercussão em todo o mundo: “A Personalidade Humana”, de Friedrich Myers, professor de Cambridge. É um estudo profundo e metódico dos fenômenos espíritas, firmado numa opulenta documentação e rematado por uma síntese filosófica em que são magistralmente expostas as vastas consequências da Ciência Psíquica.

            As conclusões de Friedrich Myers são formais: A observação e a experimentação – diz ele – induziram muitos pesquisadores, a cujo grupo pertenço, a crer na comunicação, tanto direta como telepática, não só entre os Espíritos dos vivos, mas entre os Espíritos dos que permanecem neste mundo e os que o abandonaram”.

            Por este texto, depreende-se que cientistas importantes do passado iniciaram os estudos relativos às questões espirituais. Pesquisadores da atualidade, com tendência de crescimento do seu número no futuro, continuarão a se aprofundar nas pesquisas que, cada vez mais, propiciarão o acréscimo de conhecimentos às bases espíritas lançadas por Allan Kardec e seus seguidores, a partir de 1857.

            Não foi por acaso que o grande sábio Kardec escreveu em sua obra “A Gênese”, publicada em 1868: “O Espiritismo, marchando com o progresso, jamais será ultrapassado porque, se novas descobertas demonstrassem estar em erro sobre um certo ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará”.       

Observação: as partes I, II e III deste artigo se encontram nas publicadas nas semanas 102, 103 e 106, respectivamente. A parte V será publicada em 5/2/22.