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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 125

 

O ESPIRITISMO E A CIÊNCIA – Parte IX

 

Edson Ramos de Siqueira

 

 

            Apresento-vos mais um grande personagem do Espiritismo Científico: o italiano nascido em Genova, Ernesto Bozzano (1862 – 1943). Foi Professor de Filosofia da Ciência na Universidade de Turim. Positivista materialista por natureza, mudou sua linha de pensamento após ter lido as obras de Allan Kardec, Gabriel Delanne, Robert Dale Owen, William Crookes, e tantos outros. A partir de então, passou a estudar cientificamente os fenômenos espíritas até o final de sua existência, e tornou-se adepto do Espiritismo.

            Foi membro honorário da Sociedade de Pesquisa em Física, da Sociedade Americana de Pesquisa em Física e do Instituto Internacional de Metapsíquica. Por cerca de 40 anos, escreveu muitos artigos sobre fenômenos paranormais, publicados, sobretudo, na Itália e na França.

            Publicou 52 obras sobre telepatia, psicocinese, mediunidade, etc.. Mantinha intercâmbio científico com os mais importantes cientistas da Metapsíquica da época, como o físico e químico William Crookes, o físico Oliver Lodge, ambos ingleses, e com o médico e fisiologista francês Charles Richet, Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1913.

            Estas informações resumidas são suficientes para que tenhamos uma noção do elevado nível científico que envolveu o Espiritismo, já nos primórdios de sua existência.

            Neste contexto, Ernesto Bozzano desempenhou um papel preponderante, pois além de sua capacidade científica, dedicava parte de seu tempo à Doutrina que abraçara com muita seriedade. Em 1934 ele foi o presidente de honra do V Congresso Espírita Internacional, realizado em Barcelona, Espanha. Durante grande parte de sua vida trabalhou, incansavelmente, na tentativa de dar um caráter científico ao Espiritismo. Ele organizou uma das mais completas bibliotecas de Metapsíquica do mundo, atualmente mantida pela “Fundação Biblioteca Bozzano – De Boni”, em Bologna.  

            Apresentarei uma amostra do trabalho realizado por Ernesto Bozzano, contida em sua obra A Crise da Morte. Comunicações a respeito do fenômeno da desencarnação, oriundas de vários Espíritos, foram submetidas ao processo científico da análise comparada, cujos resultados propiciaram conclusões incontestáveis.

            Transcrevo a seguir alguns trechos escritos por Bozzano:

            “Para atingir o fim a que me propunha, era-me, primeiramente, indispensável demonstrar, de modo adequado, que as revelações transcendentais, longe de se contradizerem mutuamente, concordam entre si e se confirmam umas às outras. Era-me preciso demonstrar, ao mesmo tempo, que essas concordâncias não podem ser atribuídas nem a coincidências fortuitas, nem a reminiscências subconscientes de conhecimentos adquiridos pelos médiuns (criptomnésia, ou memória inconsciente). [...].

            Em primeiro lugar, cheguei a demonstrar, incontestavelmente, fundando-me em fatos, que as mensagens mediúnicas, em que os Espíritos desencarnados descrevem as fases por que passaram na crise da morte e as circunstâncias em que fizeram sua entrada no meio espiritual, concordam admiravelmente entre si, de maneira tal que nelas não se encontra uma só discordância absoluta com as afirmações dos outros Espíritos que se hão comunicado com os encarnados. [...].

            Feito este preâmbulo, eis as conclusões de Ernesto Bozzano neste seu estudo bastante criterioso. Os Espíritos comunicantes afirmaram:

            1º) Terem se encontrado novamente com a forma humana, nessa existência.

            2º) Terem ignorado, durante algum tempo, que estavam desencarnados.

            3º) Haverem passado, no curso da crise pré-agônica, ou pouco depois, pela prova da reminiscência sintética de todos os acontecimentos da existência que se lhes acabava (visão panorâmica ou epílogo da morte).

            4º) Terem sido acolhidos no Mundo Espiritual pelos Espíritos das pessoas de suas famílias e de seus amigos desencarnados.

            5º) Haverem passado, quase todos, por uma fase mais ou menos longa de sono reparador.

            6º) Terem se achado num meio espiritual radioso e maravilhoso (no caso de indivíduos moralmente normais) e num meio tenebroso e opressivo (no caso daqueles moralmente depravados).

            7º) Terem reconhecido que o meio espiritual era um novo mundo objetivo, substancial, real, análogo ao meio terrestre espiritualizado.

            8º) Haverem aprendido que isso era devido ao fato de que, no Mundo Espiritual o pensamento constitui uma força criadora, por meio da qual todo Espírito existente no plano astral pode reproduzir em torno de si o meio de suas recordações.

            9º) Não terem tardado a saber que a transmissão do pensamento é a forma da linguagem espiritual, se bem certos Espíritos recém-chegados se iludam e julguem conversar por meio da palavra.

            10º) Terem verificado que, graças à faculdade da visão espiritual, se achavam em estado de perceber os objetos de um lado e outro, pelo seu interior e através deles.

            11º) Haverem comprovado que os Espíritos se podem transferir temporariamente de um lugar para outro, ainda que muito distante, por efeito apenas de um ato da vontade, o que não impede também possam passear no meio espiritual, ou voejar a alguma distância do solo.

            12º) Terem aprendido que os Espíritos desencarnados gravitam inevitavelmente e automaticamente para a esfera espiritual que lhes cabe, por virtude da lei de afinidade.  

            Estes são os doze detalhes fundamentais, sobre que se acham de acordo todos os Espíritos que se comunicam. Observarei que basta os examine alguém, uns após outros, e, depois, o conjunto deles, para se convencer de que apresentam aos encarnados um quadro esquemático completo dos sucessos que aguardam todos os humanos, no curso da crise da morte,            e das impressões que os esperam à sua chegada no meio espiritual. Por outro lado, não existe, nas narrações de que se trata, um só elemento importante, a cujo respeito os Espíritos que conosco se comunicam difiram entre si, de maneira a nos fazer considerar contraditório o elemento em questão. Quem não vê que essa comprovação se reveste de imenso valor teórico, a favor da origem autenticamente espírita das revelações transcendentais, tomadas em conjunto?

 

            Observação: as partes I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII deste artigo encontram-se publicadas nas semanas 102, 103, 106, 109, 112, 115, 118 e 121, respectivamente.