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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 141

 

 O Espiritismo e a Ciência – Parte XIII

 

 Edson Ramos de Siqueira

 

 

            Na parte XII deste artigo (semana 137), transcrevi um trecho da comunicação mediúnica de Rodolfo Valentino, pela qual demonstrou o que acontecera com ele no período de transição do plano material ao espiritual. A experiência pré e pós desencarnação desse conhecido ator italiano nos foi apresentada por um dos precursores do Espiritismo científico, o também italiano Ernesto Bozzano, em sua obra “A Crise da Morte”.

            Na primeira parte deste artigo abordarei uma outra vertente da comunicação de Valentino, relativa à constituição da dimensão espiritual onde ele se encontrava.

            “Aqui, tudo o que existe parece constituído em virtude das diferentes modalidades pelas quais se manifesta a força do pensamento. Afirmam-me que a substância sobre a qual se exerce a força do pensamento é, na realidade, mais sólida e mais durável do que as pedras e os metais no meio terrestre. Muitas dificuldades encontrais, naturalmente, para conceber semelhante coisa que, parece, não se concilia com a ideia que se pode formar das modalidades em que devera manifestar-se a força do pensamento. Eu, por minha parte, imaginava tratar-se de criações formadas de uma matéria vaporosa; elas, porém, são, ao contrário, mais sólidas e revestidas de cores mais vivas do que o são os objetos sólidos e coloridos do meio terrestre... As habitações são construídas por Espíritos que se especializaram em modelar, pela força do pensamento, essa matéria espiritual. Eles as constroem sempre tais como as desejam os Espíritos, pois que tomam às subconsciências destes últimos os gabaritos mentais de seus desejos”.

            Um aspecto dessa comunicação, que pode causar dúvida ao leitor, é o fato das criações oriundas da força do pensamento serem mais sólidas do que os objetos sólidos da crosta terrestre.

            Para dirimir essa eventual dúvida transcrevi, a seguir, um trecho do comentário exarado por Ernesto Bozzano.

            “A propósito desta passagem, notarei que, do ponto de vista científico, ninguém deveria admirar-se da observação do Espírito, relativamente à aparência sólida – tanto e mais do que a pedra – das construções psíquicas no meio espiritual. A Ciência, com efeito, já demonstrou que a solidez da matéria é pura aparência. Segue-se que o atributo solidez não constitui mais que uma questão de relação entre o indivíduo e o objeto. Quer dizer que, para nós, seres formados de igual matéria constitutiva do meio em que vivemos, esse meio tem, necessariamente, que parecer sólido, pois que há perfeita relação entre o indivíduo e o objeto. De modo análogo, para um Espírito revestido de corpo etéreo, o meio etéreo em que ele vive deverá parecer não menos sólido, devido sempre à existência de perfeita relação entre o indivíduo e o objeto. Em compensação, o mesmo Espírito deverá perceber como sombras evanescentes (de existência passageira) as pessoas encarnadas e o meio terrestre, devido à falta de relação entre as condições em que ele existe e opera e as condições em que existem e operam os encarnados, sem contar que ele terá a confirmação do que supõe, quando lhe aconteça passar através de uma parede, como se esta não existisse”.

            Finalmente, transcrevi um trecho da comunicação de Valentino, no qual ele abordou uma categoria de Espíritos desencarnados que ficam ligados ao local em que viveram enquanto encarnados. Em verdade, serve de alerta para todos nós!

            “Muitos Espíritos recém-chegados não resistem ao abalo mental que lhes causou a mudança que se produziu. Segue-se que, por efeito da ignorância em que se acham, do medo que os assalta, passam o tempo a frequentar, ou, antes, a assombrar o meio onde viveram e ao qual se veem psiquicamente presos. Consequentemente, eles se encontram na câmara mais baixa do plano astral, fora do mundo e no mundo, por causa da adesão tenaz que mantêm a opiniões e paixões terrenas. Esses infelizes são os que aí se chamam Espíritos assombradores, de que tanto se falava nas nossas experiências mediúnicas. Afirmam-me que alguns dentre eles se mostram de tal modo inabaláveis na sua obstinação em não quererem despojar-se das convicções e da maneira de pensar trazidas da Terra, que se tornam mentalmente cegos, a ponto de não poderem conceber e, ainda menos, realizar a possibilidade de um avanço no Mundo Espiritual onde nos achamos. São antiprogressivos e inadaptáveis, devido ao seu emperramento... O que há de pior é que essas almas podem permanecer ligadas ao mundo durante anos e mesmo durante séculos”.

            Infelizmente, o acesso a essas importantíssimas informações oriundas do plano espiritual, é restrito a uma ínfima fração da sociedade humana deste Planeta. Esta realidade deveria despertar, em todos nós, a necessidade de estudarmos todas as questões básicas da Vida do Espírito. Enquanto encarnados, nos distraímos com o entorno material e não nos preparamos para a continuação da Vida além da matéria. Consequentemente, muitos mergulham em semelhante estado de perturbação mental e retardam o processo evolutivo espiritual.