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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 166


O Espiritismo e a Ciência – Parte XIX


Edson Ramos de Siqueira



Em sequência à análise das questões inerentes ao processo da desencarnação, com base nos estudos do cientista espírita italiano Ernesto Bozanno (1862 – 1943), que foi professor de Filosofia da Ciência na Universidade de Turim, apresento a seguir um relato mediúnico efetuado à médium Jessie Platts. Seus dois filhos desencarnaram em combate durante a 1ª Guerra Mundial. Um deles, Tiny, aos 18 anos de idade desencarnou, e no ano seguinte comunicou-se psicograficamente. 

Para certificar-se que o Espírito comunicante fosse realmente seu filho Tiny, Jessie buscou provas diretas e indiretas. As diretas decorriam do anúncio, à sua mãe, da entrada no Plano Espiritual de outros Espíritos de militares mortos em combate naquele momento. Passados alguns dias, as mortes desses combatentes eram oficialmente confirmadas.

A prova indireta foi a informação que passara à mãe, de que servia de instrumento transmissor de ensinamentos que lhe eram passados por um Espírito missionário que, enquanto encarnado, fora um padre de nome Hilarion. Como Jessie não o conhecera, investigou e confirmou a veracidade do relato de Tiny.

Eis as impressões da desencarnação, passadas por Tiny à sua mãe Jessie:

“Os seres que vivem no meio terrestre muito têm que aprender acerca do estado que os espera depois da morte, isto é, do instante em que o Espírito se destaca do organismo corporal. É–me permitido falar-te disso rapidamente nesta mensagem. Começo por dizer que não haverá dois Espíritos desencarnados que tenham de passar pela mesma experiência a tal respeito. Entretanto, essas experiências variadas apresentam uma circunstância comum: é que todos os Espíritos imaginam, a princípio, estar ainda entre os encarnados, e os que atravessaram uma agonia de sofrimentos ficam profundamente surpreendidos de se acharem curados de súbito. Tal é a alegria que experimentam, que julgo ser essa a impressão mais forte que se possa sentir, depois da crise da morte (hoje mais conhecida por perturbação pós desencarnação). Quando morri, ou, mais exatamente, quando meu corpo morreu, eu me julgava mais vivo do que nunca e esperava receber ordem de um novo pulo para frente (ao ser ferido pelo projétil que me matou, estávamos separados do nosso regimento e tentávamos, com grandes precauções, pôr-nos de novo em contato com ele).

Algumas vezes, os espíritos desencarnados, ao se acharem sós num meio desconhecido, são tomados de grande pavor; mas isso só se dá com os que em vida foram profundamente egoístas e nunca dirigiram seu pensamento a Deus. Contudo, em chegando o momento, esses Espíritos são ajudados e animados, a sua vez, por seus Espíritos guias (Mentores espirituais); mas, preciso lhes é, primeiramente, adquirirem uma espiritualidade suficiente para se acharem em condições de perceberem os Espíritos guias.

Quase todos os desencarnados passam por um período de sono reparador, que pode durar um dia ou dois, como pode durar semanas e meses; isto depende das circunstâncias em que desencarnaram. No meu caso, eu fora morto de maneira fulminante, não sofrera, não passara por enfermidades exaurentes; apesar disso, porém, estive mergulhado no sono por cerca de uma semana, porque, tendo sido súbita a minha morte, meu corpo fluídico (perispírito) fora bruscamente arrancado do corpo somático (corpo físico), com um contragolpe sensível sobre o primeiro.

Quando, entre os Espíritos recém-chegados, há os que se encontrem ligados por vivas afeições a outros Espíritos desencarnados algum tempo antes, estes últimos lhes acorrem ao encontro, antes que passem pela fase do sono reparador. Não se pode imaginar ventura maior do que a desses encontros no meio espiritual, após longas separações que pareciam definitivas. Se bem os Espíritos saibam que terão de separar-se ainda por certo tempo, não o lamentam, por estarem cientes de que estas separações já não serão como as anteriores. E, quando os Espíritos recém-chegados despertam do sono reparador, seus guias intervêm, para informá-los do treinamento que a cada um se acha reservado”.

Tomando por base os comentários de Ernesto Bozanno acerca desta comunicação mediúnica, em relação a tantas outras analisadas por ele com a visão do pesquisador científico, chega-se às seguintes conclusões:

  1. Há nítida concordância nos depoimentos de diversos Espíritos, a respeito do fato de muitos não saberem que desencarnaram.

  2. Vários Espíritos desencarnados informaram objetivamente, através de diferentes médiuns, os mesmos detalhes do mundo espiritual.

  3. Também houve concordância em relação às fases do sono reparador pós desencarnação.

  4. O isolamento de muitos Espíritos desencarnados se deve à imperfeição da faculdade de perceberem os mentores espirituais, consequência direta do desconhecimento das questões elementares da espiritualidade, com destaque ao grau de desenvolvimento moral. Esse fato vem ao encontro do conceito espírita que nos ensina que os Espíritos inferiores não conseguem perceber aqueles situados em posições hierarquicamente superiores. Trata-se de incompatibilidade dos padrões vibratórios.

  5. As experiências vivenciadas pelos desencarnados, no mundo espiritual, são específicas para cada indivíduo. Todo Espírito, pela lei de afinidade, se conecta ao Plano Espiritual energeticamente compatível com o seu grau de evolução. 


Observação: Para ter uma visão mais abrangente deste tema, leia também, sequencialmente, os artigos 23, 32, 125, 128, 133, 137, 141, 145, 149, 154, 158 e 162.