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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 192              


Distanciamento Emocional


Martha Triandafelides Capelotto



Vivemos num mundo repleto de mensagens de todos os tipos.

Mensagens de paz, de solidariedade, de conteúdo moral, incitando-nos às mudanças; mensagens desrespeitosas, como se no mundo pudéssemos dizer tudo o que pensamos; mensagens frívolas e piegas, tomadas como verdades absolutas. Enfim, um mundo cheio de mensagens que lotam nossos celulares.

É certo que estamos em constante evolução e os meios de comunicação alcançaram patamares inimagináveis. A carta que demorava, às vezes, meses para chegar à sua destinação, hoje chega imediatamente. O telefone, que há bem pouco tempo funcionava com o auxílio da telefonista, hoje, com exceção de quem não tem como recarregar seu celular, é usado direto, onde quer que se esteja. O WhatsApp, que tem sua valia em vários aspectos, também se tornou um meio de sermos vigiados dia e noite, como se não pudéssemos mais ter momentos de liberdade de ir e vir quando bem entendermos, sem ter que dar satisfações a todos. Tudo bem. Nada contra as transformações que se operam no campo tecnológico.

Porém, alguns aspectos devem ser mencionados e, quem sabe, analisados, para que as relações humanas não se percam na superficialidade dessa avalanche de informações e mensagens que banalizam aquilo que de mais relevante há nessas relações, que é o estreitamento dos laços afetivos. Contrariamente do que se imagina, enviando uma tonelada de mensagens aos outros, imagina-se estar conectado, presente na vida dos familiares e amigos.

Para mim, ledo engano!

Sentimos cada vez mais um vazio, um distanciamento silencioso, uma falta de contato visual, auditivo e emocional com aqueles que, até tempos atrás, mantínhamos um relacionamento afetivo. Percebemos um certo enfado quando decidimos ligar para alguém para podermos ouvir a voz, sentirmos, através dela, como realmente o outro se encontra. Perguntar como estamos indo, já se tornou coisa do passado. Apenas mensagens e mensagens e vídeos chatos e extremamente piegas, na maior parte do tempo.

Aonde chegaremos? 

Será preciso que haja uma deterioração total para que comecemos a repensar o que está acontecendo sob nossos olhos como forma de distanciamento cada vez mais acirrado?

Entristeço-me por pouco ter a fazer.

Assim como hoje há uma banalização com a vida, diante da violência, que, aliás, nunca deixou de estar presente na humanidade, há uma banalização nas relações interpessoais,

Mensagens e mensagens, vídeos e vídeos.

Chatices e pieguices. Inverdades e incitamento à violência.

Grupos “familiares” e de “amigos” trocando farpas e gerando, a todo momento, conflitos e deselegâncias desnecessárias. Ciúmes, controle, inveja, maledicência. Que maravilha!

Aonde chegaremos?!

Assim, fica registrado um desabafo que não mudará o curso das coisas, porém, quero ter a minha consciência tranquila que fiz a minha parte, minúscula, insignificante, inexpressiva, que sei, não encontrará eco a um palmo do meu próprio nariz e inconformação.

No “ranking da mudança”, o tempo sempre introduz novidades; quer dizer, a cada instante traz algo que não era feito antes. Considerando que a existência humana nada mais é do que uma “rede” tecida através do tempo pelos fios dos hábitos, não permitamos que esses mesmos hábitos endureçam nossos corações.