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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 210


Natal


Martha Triandafelides Capelotto



Mais um ano que se aproxima do fim e mais uma vez estamos às voltas com a comemoração do Natal. 

Neste despretensioso texto não me referirei ao modo equivocado com o qual a humanidade cristã homenageia o nascimento do Espírito mais elevado que já passou pelo nosso orbe, não, mas, em síntese apertada, fazer algumas reflexões sobre seus ensinamentos que ainda aguardam compreensão e vivência.

Em o Evangelho de Lucas, especificamente no capítulo 2, versículo 14, temos uma frase que sintetiza todo o apostolado do Cristo, toda a plataforma do Cristianismo inteiro: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens.”

Vejamos cada parte desse enunciado: “Glória a Deus nas alturas”, significando o imperativo de nossa consagração ao Senhor Supremo, de todo o nosso coração e de toda a nossa alma; “Paz na Terra”, traduzindo a fraternidade que nos compete praticar e incentivar, nas realizações diárias, com todas as criaturas; “Boa vontade para com os homens”, definindo as nossas obrigações de serviço espontâneo, uns à frente dos outros, no grande roteiro da humanidade.

Por outro lado, nós cristãos, aceitando a ideia de que Jesus representa o Caminho, a Verdade e a Vida e que todo o seu Evangelho se traduz na Lei do Amor, o Natal deveria exprimir para cada um de nós a oportunidade de renovação da alma e do mundo, nas bases do amor, da solidariedade e do trabalho, não apenas com pequenos arremedos de caridade que se manifestam em nós, nessa época, mas, em todos os dias de nossa existência.

Em o livro “Na Seara do Mestre”, de Vinícius, este tece análise primorosa quanto ao verdadeiro significado do Natal dizendo, dentre tantas coisas, que o nascimento do Cristo não representa apenas um fato histórico, de caráter genérico, mas um sucedimento que, particularmente, me diz respeito, me atinge e me afeta, porque a obra redentora do Nazareno só tem início e eficácia quando individualizada. Enquanto a considerarmos difusa e esparsa, abrangendo a generalidade dos homens, nada representa de positivo e concreto. Ver em Jesus o redentor do gênero humano e encará-lo como o meu redentor pessoal, são coisas diferentes, senão na aparência, nas consequências e nos efeitos.

A redenção é obra de educação, tem que ser da parte para o todo. O indivíduo independe da sociedade nesta questão. Ele deve agir por si e para si, pois só dessa maneira contribuirá para o bem geral e coletivo. Para isso, cumpre individuar o Natal, tomando, cada um, aquele conhecimento em sentido particular e restrito.

Assim, toda a magia do Natal resulta da individualização. Cada um deve receber e concentrar em si aquele advento, considerando-o como pessoal.

Jesus não é apenas um símbolo, tampouco o criador de determinada escola, o fundador de um credo ou de uma seita, mas aquele que veio trazer para nós as revelações das Leis Eternas. Sua missão não começou em Belém, nem terminou no Calvário. Ele veio para o que era seu e os seus não o reconheceram, conforme acentua João, em seu transcendente Evangelho. Jesus é a Luz do Mundo.

Paulo de Tarso, o apóstolo dos Gentios, disse: “Onde há o Espírito do Cristo, aqui há liberdade”. Jesus jamais constrangeu alguém a crer desse ou daquele modo. Tocava no íntimo das pessoas, procurando como sábio educador, despertar as energias latentes que ali dormitavam, dirigindo-os à conquista do bem e do belo, do justo e do verdadeiro, que concretizam o ideal da perfeição.

O Natal do Divino Enviado é um fato que se repete todos os dias; foi de ontem, é de hoje, será de amanhã e de sempre. Os que ainda não O sentiram em seu interior, ignoram, em realidade, que Ele nasceu.

Só sabemos das coisas de Jesus por experiência própria. Só após Ele haver nascido em nosso coração, é que chegamos a entendê-lo, assimilando, em espírito e verdade, o seu Verbo incomparável.

“Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens”.