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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 213



FALANDO DE OBSESSÃO (Parte 1)



Alfredo Zavatte



“Quais são suas companhias preferidas, lembremo-nos que a invigilância é porta das Obsessões”.


Assunto recorrente sobre desvirtuamento psíquico, são constantes nos dias de hoje, basta observamos os consultórios da área da neurologia e psiquiatria, que iremos encontrar grande número de pessoas em desequilíbrio, carecendo de atenção material e espiritual.

 

Temos que tratar de um assunto que é comum entre os homens, vez que, todos nós temos as nossas companhias espirituais, pois uma simples vibração do nosso ser, um pensamento emitido, por mais secreto nos pareça, é o suficiente para garantirmos uma companhia espiritual. Evidenciamos de imediato a faixa vibratória em que nos situamos, que terá pronta repercussão daqueles que estão na mesma frequência vibracional. Dessa forma, atraímos aqueles que comungam conosco as mesmas ideias, os mesmos pensamentos, os mesmos desejos, identificando-se assim, com a qualidade de nossa emissão mental.

 

É do conhecimento de todos que a Casa Espírita dá atenção a vários tipos de problemas, e, em especial, àqueles de origem espiritual, as OBSESSÕES.

A própria Wikipedia nos traz a seguinte definição: “A obsessão é uma condição mental caracterizada por pensamentos involuntários, intrusivos e obsessivos que podem se prolongar por períodos indefinidos. Na obsessão, as ideias são fixas e o indivíduo se concentra nelas, de modo que não consiga se livrar de tais pensamentos obcecados com facilidade”.

 

Assunto deveras importante, que poucos profissionais da saúde, na anamnese, levam para o campo espiritual. Então, o portador dessa anomalia procura a Casa Espírita, depois que muitas visitas ao profissional da saúde não tenham redundado em solução do problema. Os trabalhadores espíritas devem acolher os portadores deste distúrbio com muito carinho, oferecendo atendimento conforme os ensinamentos de Allan Kardec e orientação da espiritualidade.

 

A Ciência não desconhece esse fato; basta observar o CID (Código Internacional de Doenças) em seu item F44.3 (Estados de Transe e Possessão) e o Manual de Referência Básica aos Critérios e Diagnósticos da American Psichiatric Association em seu item 300.15 (Transtorno Dissociativo Sem Outra Especificação), que dão aos profissionais o alerta sobre esse assunto.

 

A Casa Espírita, que se ocupa com os cuidados espirituais do ser humano, acolhe e orienta, com a finalidade dos portadores da obsessão poderem encontrar o alívio para suas dores emocionais e espirituais, visto que a Doutrina Espírita, grande aliada à Ciência, busca sempre minimizar essas dores.

 

Carecemos de cuidados com nossos pensamentos, pois é através deles que atraímos os espíritos, que poderão ser bons ou não. Salienta-se sempre, que há necessidade do empenho de cada um com a auto modificação.

 

Kardec, cuida desse item importantíssimo em vários de seus livros,  e na obra “A Gênese”, consta a citação: “(...) criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. (...) Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo” (A Gênese- Cap. 14º, Item 15).

 

Lembremo-nos: não é porque temos o livre-arbítrio que podemos  divagar os nossos pensamentos sem responder pelas consequências, pois é através  deles que o processo obsessivo inicia-se, havendo, por parte dos desencarnados, a  captação de nossas  intenções, com a consequente conexão deles conosco. Não raramente, passam a nos dirigir, chegando até a comandar os nossos atos. Lembremo-nos que a invigilância mental é a porta das obsessões, e isso ocorre imperceptivelmente. Os espíritos que comungam conosco as mesmas vibrações se afinizam. Embora de forma sutil no princípio, a ligação energética acentua-se cada vez mais, e, se não tomarmos as rédeas de nossos próprios desejos e sentimentos, se não mudarmos a sintonia, em pouco tempo estaremos agindo de acordo com a vontade deles, pensando serem nossos os atos e vontades, tal a reciprocidade de sintonia mental existente. Lembremo-nos que a decisão é sempre de nossa responsabilidade, os espíritos só chegam até nós se os convidamos, e para isso basta um ligeiro pensamento.

O Espiritismo não retira problemas de ninguém, mas esclarece suas origens, levanta o véu dos mistérios, traz explicações claras, objetivas, demonstrando as verdades que muitas vezes desejamos manter sob esse véu, impedindo a visão da realidade. Através desses conhecimentos passamos a ter condições para vencer os erros e de nos preservarmos de novas quedas.

Os Espíritos nos dirigir é muito fácil; todos estamos susceptíveis e os médiuns ostensivos não estão fora do alcance deles. Assim, somos nós que escolhemos as companhias, sejam elas encarnadas ou desencarnadas. Somos livres para optar.

Com o desvendar do passado, sabemos que hoje colhemos o que ontem plantamos, se não estamos satisfeitos com a colheita, convém escolhermos melhor as sementes que deitamos no solo, pois amanhã teremos que iniciar novas  colheitas, isso a Doutrina Espirita nos deixa  bem claro.


Se o hoje está sendo doloroso para atravessá-lo é porque ontem escolhemos os lados sombrios, trilhamos caminhos tortuosos, priorizamos os gozos materiais. Tendo escolhido a estrada larga, chafurdamo-nos na lama da loucura desenfreada, fazendo sofrer tantos quantos de nós se aproximavam.

Possivelmente, muitos de nós no passado ouvimos as palavras do Cristo, que de alguma forma chegaram ao conhecimento; porém, não as interiorizamos.

Decisões, sempre estaremos à mercê delas, pois nossa vida depende delas; aliás os seres humanos são os únicos viventes que possuem a prerrogativa de pensar e decidir.

Se as decisões foram desastrosas, repercutem hoje em nosso mundo íntimo, manifestadas em tragédias de dores, sofrimentos que nos atingem continuamente; sinal que fomos, através das várias encarnações, rolando como seixos riacho abaixo, até que um dia se tornarão pedra sem quina ou vinco e não machucaremos mais ninguém. Essa deve ser a meta de cada um, e, demore o tempo que for, quanto mais postergarmos o desejo de nos redimirmos, maiores dores teremos a enfrentar.

Um dia, embora não sabendo quando, chegaremos aos braços do Peregrino. Para tal, temos que agir sem demora e nos firmarmos em nossos mais nobres propósitos; não há mais tempo a perder, empenhemo-nos às realizações perenes, para tal, resolvamos em definitivo a produção dos feitos voltados aos ensinos da Boa Nova, como ensinou o Mestre. Acerquemo-nos Dele e por Ele, nos permitindo ser guiado pelos atos Daquele que só ensinou a amar, colocando fim às nossas semeaduras que nada produzem.

A Doutrina dos Espíritos nos dá armas para a batalha a empreender, lutemos com as armas do Cristo, a fim de que um dia, consigamos ser considerados verdadeiros apóstolos de Jesus.

Paz ao seu Espírito.