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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 220



Diretrizes para conexões inclusivas


    Sonia Hoffmann



As conexões interativas estão profundamente relacionadas com a formação de elos não-verbais que interligam as pessoas, preferencialmente quando se tornam relacionamentos agradáveis, naturais e entusiasmantes que possibilitam a criatividade e a tomada de decisões com tranquilidade, harmonia, amistosidade porque, mutuamente, quem está vinculado sente a cordialidade, a compreensão e a sinceridade da outra pessoa.


O estímulo para a constituição desta qualidade de conexão baseada na simpatia apresenta, fundamentalmente, a coexistência de três elementos. O primeiro ingrediente, e o mais essencial, é a atenção compartilhada, pois quando as pessoas prestam atenção ao que a outra diz e faz, uma noção de interesse recíproco é gerada, originando-se sentimentos compartilhados e a empatia mútua potencializa a relação. Outro elemento é o sentimento positivo compartilhado, o qual se traduz por uma boa sensação provocada muito mais pelas mensagens não-verbais enviadas (como o tom de voz e a expressão facial). O terceiro ingrediente é a sincronia, coordenada por meio de tênues canais não-verbais (como, por exemplo, o ritmo, o timing de uma conversa, os movimentos de nosso corpo). Nos relacionamentos sociais, contudo, o que conta não é a quantidade de conexões, "mas sim a qualidade. O tom emocional de nossos relacionamentos pode ser muito mais determinante de nossa saúde do que o número absoluto de elos sociais que estabelecemos." (Goleman, 2011)


É significativo ter a consciência de uma sensação aprazível, de que as pessoas na vida de alguém proporcionam apoio emocional com impacto positivo na saúde mental e mesmo fisiológica - ainda mais dimensionado quando as pessoas cujas condições já se encontram fragilizadas por alguma deficiência ou diferença marcante e debilitante. Ou seja, relações afetuosas trazem benefícios incalculáveis, enquanto relacionamentos tóxicos proporcionam não apenas o desgaste ou a frustração, mas a crença de que o convívio intenso com o ser humano é um fator de risco e a origem para formação de condições desadaptativas.


Por tal razão, torna-se imprescindível a identificação daquilo que proporciona prazer, segurança e felicidade no desenvolvimento da harmonia interior do ser e na busca pela realização existencial de alguém. Cada indivíduo, como assinala Joanna de Ângelis (2014), pelo fato de estagiar em um nível evolutivo próprio, experimenta de forma especial e diferenciada o prazer e a felicidade. Esta diversidade na conquista de progresso moral e intelectual lhe concede a possibilidade de elaborar projetos e desenvolver esforços para conquistar esses estados. O elemento básico para a harmonia emocional de cada ser humano e para o seu amadurecimento afetivo e psicológico, residem no respeito a si mesmo, ao próximo e a Deus. Ninguém vive, entretanto, sem a experimentação de emoções negativas, em razão dos conflitos, das heranças ancestrais, dos modelos que permanecem na intimidade de todos. Todavia, necessário é o trabalho para convertê-las em positivas e edificantes, sendo um " dever a que todos estão convidados, de modo a diluí-las como um sol benfazejo desfazendo a névoa que obscurece a paisagem... Por meio de exercícios mentais e físicos, torna-se possível viver em alegria e bem-estar, desfrutando-se de prazeres e conseguindo-se a felicidade, à medida que se liberta das injunções perversas do estresse, das aspirações ambíguas e dos sentimentos de insatisfação e intolerância." (Ângelis, 2014)


Para alcançar o apaziguamento interior e nas conexões sociais, é indispensável o trabalho constante de controle dos sentimentos controvertidos, dos hábitos destituídos de princípios equilibrados e de sentido psicológico superior.


"Como nos construímos por meio dos relacionamentos, devemos ter muito cuidado ao escolher as pessoas que nos acompanham na vida e refletir sobre o que nos convém ou não. Uma vez dado o passo e vencidas as fortes resistências - o medo, a insegurança, a solidão, a quebra da rotina, o julgamento social, a comodidade etc. -, nos sentiremos fortemente libertados, como se tivéssemos levantado a âncora de nosso barco e iniciássemos uma nova viagem, com mais liberdade." (Soler; Conangla, p. 174)


A perspectiva de relacionamentos inclusivos, desnutridos de preconceitos e ações estigmatizantes, causam confiança e oferecem para alguém, sentindo-se excluído, a esperança e a alegria de constituir intercâmbios sociais saudáveis.


Consequentemente, é essencial favorecer a construção da autonomia em alguém, para seus relacionamentos e conexões se tornarem cada vez mais abertos e estáveis. O respeito ao modo e estilo peculiar de ser é um agente expressivo no incentivo para a construção da confiança em si mesmo, sem o receio de punições ou excessos de censuras, porque acertos e erros fazem parte do processo de aprendizagem do viver. O estímulo para a organização de um estilo comunicativo mais aberto e flexível é preponderante e permite a incorporação de interpretações complementares ou a modificação serena de condutas.


Assim, uma conexão includente trabalha com a humildade, o desprendimento, a generosidade, a tolerância e relações e interações com demandas justas e igualitárias que possibilitem um convívio não somente prazeroso, mas também conjuntamente educativo e corresponsável.


Referências


ÂNGELIS, Joanna de (Espírito). Encontro com a paz e a saúde. Psicografado por Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 2014. Série psicológica Joanna de Ângelis. v.14.


 GOLEMAN, Daniel. Inteligência social: o poder das relações humanas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. (recurso digital)


SOLER, Jaume; CONANGLA, María Mercé. Ecologia emocional. Rio de Janeiro: Best Seller, 2011. p. 174.