Logo
Logo

ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 267



INCLUSÃO PELA ARTE



 Sonia Hoffmann



Todos nós, em algum momento da vida, entramos em contato com alguma forma de expressão artística, seja como apreciadores quanto agentes de produção das mais variadas modalidades, de modo lúdico ou profissionalmente.


A Doutrina Espírita trouxe e traz para a humanidade um manancial fecundo de inspiração para a manifestação artística. "O Espiritismo abre para a arte um campo novo, imenso, ainda não explorado. Quando o artista trabalhar com convicção, como o fizeram os artistas cristãos, haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações” (Kardec, 1860, p.534).


A arte, conforme Léon Denis indica, é apenas um reflexo do estudo, da manifestação e da beleza eterna que é percebida na Terra e o Espiritismo possibilita para ela novas perspectivas e horizontes ilimitados. "A comunicação que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as indicações fornecidas sobre as condições da vida no Além, a revelação que ele nos traz das leis de harmonia e de beleza que regem o Universo vêm oferecer aos nossos pensadores, aos nossos artistas, motivos inesgotáveis de inspiração" (Denis, 2014, p.17).


A arte, como refere Matias (2017, p.5), é "muito importante para a formação dos indivíduos, pois ela permite, através da percepção de cada um, estimular a inteligência, amadurecer o gosto e as formas de pensamento, contribuindo para o desenvolvimento da personalidade e a criatividade de cada um". 


A inclusão, por sua vez, muito se beneficia deste importante recurso, pois, além de facilitar o processo de socialização e comunicação pela conexão e interação, a partir dele não apenas temas relativos à ação inclusiva podem ser abordados e difundidos, como também, pessoas com deficiência e demais diferenças passam a ser estimuladas para a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades, a fazerem escolhas, a tomarem decisões, encontrarem diferentes sentidos em sua vida e decidirem seus encaminhamentos pela oportunidade de atuarem efetivamente e não somente como admiradoras.


Alguém, através da arte, conversando sobre ela, apreciando ou produzindo, cultiva e oportuniza a seus interlocutores ou expectadores o valioso momento de conhecerem e entenderem que o trabalho artístico pode ser apreendido e realizado por vias alternativas, por outros canais perceptivos, e que existem possibilidades evolutivas para todos. A importância, portanto, de serem disponibilizadas condições funcionais e factíveis para o desenvolvimento pela arte.


Valores morais e culturais são assimilados e desenvolvidos, bem como por sua própria experiência e vivência, quem vive com a deficiência ou diferença contribui para outros repensares daqueles em seu entorno. Seus sentimentos, potencialidades e competências são (re)conhecidos e expressos através das diversas apresentações artísticas.


 O desenvolvimento e a fixação dos valores artísticos ampliam, nas pessoas, o psiquismo, que propicia florações de conquistas inimagináveis ou sequer sonhadas.  A utilização dos sentidos sensoriais, sob o direcionamento da consciência, amplia gradativamente sua capacidade de auto penetração e busca de percepções mais elevadas e sensíveis, levando à identificação de faculdades paranormais adormecidas, cujos indícios acontecem como episódios esparsos que chamam sua atenção e convidam para exame mais profundo em torno das suas potencialidades ainda não exploradas (Ângelis, 2010).


Então, os ganhos emocionais e psicológicos são imensos, porque sua autoestima e valorização se potencializam, uma vez que tanto a própria pessoa quanto as demais compreendem o quanto, pela arte, é passível um aperfeiçoamento do senso crítico, percepção, disciplina, raciocínio lógico, afetividade, aquisições linguísticas, educação dos movimentos e variadas posturas.


Igualmente, precisamos recordar que a inteligência e a aprendizagem, para algumas pessoas, são desenvolvidas pela ação cinestésica e auditiva, sem serem idênticas para todos. Os efeitos terapêuticos da arte também precisam ser considerados não apenas pela musicoterapia, mas igualmente servem como um momento de autorregulação e de organização dos seus sentimentos e pensamentos (especialmente para quem se encontra no espectro do autismo, de estresse, tensões e muitas outras síndromes ou conflitos internos).


A participação em corais, poesia, dança, música, teatro, pintura, canto, escultura e tocar instrumentos musicais representam algumas possibilidades que todos, conforme seu gosto ou compatibilidade com sua condição, têm a possibilidade de ampliar seus conhecimentos, se desenvolverem, fortalecerem e sentirem-se incluídos. Com o exercício da sua autenticidade, conquistam com satisfação o pertencimento.


Assim, o movimento espírita precisa implantar ou intensificar a adoção de expressões artísticas nas instituições, desde à infância ao idoso, com ou sem deficiência, para cada vez mais novas estratégias includentes surgirem e, deste modo, outras vertentes de bem-estar e formas de evolução venham a se consolidar e trazer para a sociedade novas contribuições edificantes.


Referências


ÂNGELIS, Joanna de (Espírito). 4. ed. Dias gloriosos. Psicografia de Divaldo Pereira Franco. Salvador: Centro Espírita Caminho da Redenção, 2010.


DENIS, Léon. O Espiritismo na arte. 2. ed. CELD Ed.: Rio de Janeiro, 2014. p.17


KARDEC, Allan. Arte pagã, arte cristã e arte espírita. Revista Espírita. Ano III, n. 12, p. 531-534, dez. 1860.


MATIAS, Janielly Fernandes. A arte como elemento facilitador no contexto da educação inclusiva. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Psicopedagogia) – Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2017.