François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 274
FALANDO DE OBSESSÃO (Parte 14)
Alfredo Zavatte
“A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega” (Albert Einstein)(1).
Às vezes, ficamos pensativos, observando determinados acontecimentos que nos rodeiam, pois hoje, se parte dos problemas de saúde não estão plenamente resolvidos, de alguma forma, seus tratamentos evoluíram significativamente.
Exemplos disso são os vários tipos de cânceres que já apresentam cura, as várias doenças que já foram debeladas, a sobrevida de pessoas soro positivas; tudo graças ao avanço da Ciência, a comunicação ultrarrápida com todos os cantos do mundo, possibilitada pela internet, e, como não poderia deixar de ser, a grande contribuição que a Doutrina Espírita trouxe à humanidade.
A obsessão, que já vem sendo objeto de nosso estudo em edições passadas, também obedece ao mesmo raciocínio das contribuições citadas, ou seja, a vinda do Consolador Prometido, a possibilidade de intercâmbio com o mundo espiritual e os estudos de Kardec trouxeram a consolação a muitos, mostrando alternativas para o tratamento de várias enfermidades de todas as ordens.
Prova disso, alguns devem saber, médicos da Faculdade de Medicina da UNESP, campus de Botucatu, estudaram o efeito do passe espírita no tratamento da ansiedade. Os resultados, publicados numa revista científica médica, permitiram concluir que o passe apresentou eficácia para aqueles que se submeteram à essa terapia.
Lembremo-nos de que, antes de Kardec trazer-nos as informações contidas nos livros que denominamos “pentateuco espírita” (O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, Céu e Inferno e A Gênese ), não haviam informações do intercâmbio com os Espíritos encarnados e desencarnados. Os sintomas das enfermidades psíquicas ficavam somente a cargo da medicina e, muito embora toda a dedicação dos profissionais e da Ciência com seus recursos, deixavam os pacientes à mercê de medicamentos, hospitais psiquiátricos, eletrochoques, etc.
Convém lembrar que os medicamentos nem sempre surtiam efeitos desejáveis e os hospitais limitavam-se a internar e medicar, utilizando-se dos eletrochoques, hoje terapia já descartada, que levaram à morte muitos dos pacientes, pela sua ineficiência.
O que seria dos portadores de obsessões, se não fossem os tratamentos espirituais?
Salientamos aqui, como sempre o fazemos, que não temos nenhuma pretensão de lançar crítica à Ciência, muito pelo contrário. Sempre enaltecemos o trabalho dos cientistas na busca por minimizar a dor dos homens. As ciências da saúde e o tratamento espiritual são complementares, caminham lado a lado; não é questão de optar por um ou por outro.
Muito embora Sigmund Freud não fosse simpatizante da religião, ele disse: “Os judeus admiram mais o espírito do que o corpo. A escolher entre os dois, eu também colocaria em primeiro lugar a inteligência”(2).
Mas, o que é a inteligência?
Observemos o conceito de inteligência dado pelo site não espírita, Racionalismo Cristão:
“O espírito é inteligência, é vida, é poder criador e realizador. Nele não há matéria em nenhuma de suas fases de desenvolvimento. É, portanto, imaterial. Partícula individualizada, assim se conserva em toda a trajetória que faz no processo da evolução”(3).
Ora, se o Espírito é inteligência, podemos dizer que quem carrega o arquivo de lembranças e informações que formam a inteligência é o Espírito. Nem temos a necessidade de buscar outras informações.
Se, por um lado, Sigmund Freud não era afeito à religião, por outro, o fundador da Psicologia Analítica, Carl Gustav Jung, muito se interessou pelos fenômenos mediúnicos. Existe uma série de artigos que trata dessa intimidade. Transcrevemos um trecho sobre como esse interesse começou em sua vida.
“No primeiro dos artigos, divulgados pela revista italiana e assinado pela médium e divulgadora espírita Paola Giovetti, importantes revelações são feitas e narrada a intimidade do Dr. Jung em reuniões mediúnicas, sem esquecer de trazer à tona como tudo havia começado para o jovem Carl Jung, desde tenra idade. Ele sabia do teor dos diálogos mantidos por seu pai com o Espírito Emilie, que fora nada mais nada menos que sua mãe, desencarnada quando era ainda bem pequeno. Esses encontros, entre o pai e o espírito da mãe, eram tão frequentes e levados a sério que o pai de Jung mantinha uma cadeira propositadamente vazia em seu escritório, para “acomodar” o espírito visitante e com ele manter longos diálogos. E estas tertúlias provocaram ciúme na nova esposa, pois o pai de Jung era casado em segundas núpcias. Donde se pode concluir pela autenticidade do fenômeno, e neste caso específico, que o Sr. Jung fosse médium auditivo e muito bem-dotado de mediunidade de vidência”(4).
Num outro artigo, vemos a citação também divulgada no mesmo número da revista onde “descreve a intimidade de Carl Jung na Suíça e é o resultado de uma visita que lhe foi feita em março de 1949 pelo estudioso da fenomenologia espírita Gastone de Boni, amigo de Ernesto Bozzano. Foi uma longa e proveitosa entrevista, que revelou interessantes detalhes sobre o comportamento de Jung, que residia então às margens do lago Zurique, num pequeno castelo onde vivia com a família, também conhecido como "La Torre"(5).
Nesta citação, a amizade se desenvolveu entre Jung e Ernesto Bozano, pois, Bozano (nascido em Savona, província de Gênova, na Itália, no ano de 1861, e desencarnado em Gênova, em 7 de julho de 1943), foi um dos gigantes do Espiritismo, que se aprofundou na Codificação Kardequiana e trouxe grande avanço no conhecimento da vida espiritual. Suas obras são direcionadas àqueles que realmente desejam levar a sério a Doutrina Espírita e que não queiram se iludir com fantasias.
Bozano interessou-se precocemente por assuntos ligados à Filosofia, à Parapsicologia, à Astronomia e às Ciências Naturais. Após estudo do livro de Aksakof, iniciou-se, verdadeiramente, suas investigações metódicas no campo da “Ciência da alma”.
Alexandre Aksakof, (nascido em Ripievka, em 27 de maio de 1832 — desencarnado em São Petersburgo em 4 de janeiro de 1903), russo, foi diplomata (conselheiro de Alexandre III), filósofo, jornalista, tradutor, editor e grande pesquisador dos fenômenos espíritas durante o século XIX . Foi professor da Academia de Leipzig e fundador, em 1874, da revista "Psychische Studien" (Estudos Psíquicos), na Alemanha. Em 1891, lançou em Moscou a revista de estudos psíquicos "Rebus", a primeira do seu gênero na Rússia. Teve algumas obras publicadas em torno do Espiritismo sendo, a principal, “Animismo e Espiritismo”, volumes I e II (6), e outras, como: Um Caso de Desmaterialização (FEB, RJ); Étude sur les matérialisations des formes humaines. s.l., 1897 (artigo); Precursores do Espiritismo desde 250 anos, ou Predvesttniki Spiritizma Zapoledmie 250 Lyet (artigo); Um monumento de preocupação científica (artigo).
Aksakof realizou numerosas experiências e observações com vários médiuns, com destaque para a italiana Eusapia Palladino, uma das maiores médiuns de efeitos físicos, e para a médium inglesa Elizabeth d'Espérance, que, ao estudar sua mediunidade, testemunhou um evento sobre o qual escreveu a obra "Um Caso de Desmaterialização".
Isto tudo é para levar ao conhecimento daqueles que não sabem, o quanto a religião e a ciência andaram de mãos dadas em relação ao Espiritismo e temos a certeza de que não pararão por aí. Teremos muitos avanços pela frente, impulsionados por aqueles que desejarão se embrenhar no Estudo da Doutrina dos Espíritos.
Não temos condições de tentar desatrelar a obsessão da Ciência e muito menos do Espiritismo. Não conseguiremos, pois ela é inerente aos espíritos, sempre existiu e sempre existirá. Se o amigo leitor quiser mais provas disto, basta observar o grande número de pessoas que procuram consultórios de psiquiatria, psicologia e neurologia.
O leitor atento poderá observar que, no Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec iniciou o primeiro capítulo com “Eu não vim destruir a Lei”, mostrando que nada de novo estava sendo criado sobre o mundo invisível, mas sim esclarecido. Num desenrolar pedagógico, Kardec vai, aos poucos, mostrando o contexto da Doutrina Espírita, até chegar no seu último parágrafo e falar da obsessão. Transcrevemos, para melhor elucidar: “Observação: – A cura das obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento. Exige também tato e habilidade, a fim de encaminhar para o bem Espíritos muitas vezes perversos, endurecidos e astuciosos, porquanto há os rebeldes ao extremo. Na maioria dos casos, temos de nos guiar pelas circunstâncias.
Qualquer que seja, porém, o caráter do Espírito, nada se obtém, é isto um fato incontestável, pelo constrangimento ou pela ameaça. Toda influência reside no ascendente moral. Outra verdade igualmente comprovada pela experiência tanto quanto pela lógica, é a completa ineficácia dos exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais, amuletos, talismãs, práticas exteriores, ou quaisquer sinais materiais.
A obsessão muito prolongada pode ocasionar desordens patológicas e reclama, por vezes, tratamento simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico, para restabelecer a saúde do organismo.
Destruída a causa, resta combater os efeitos. (Veja-se: O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIII – “Da obsessão”– Revue Spirite, fevereiro e março de 1864; abril de 1865: exemplos de curas de obsessões.)”(7)
Este assunto é vasto, precisamos de muito estudo e discernimento para direcionarmos atenção para a obsessão, até porque sabemos que muitos dos que nos leem são pessoas que estão dando os primeiros passos no tocante ao conhecimento da Doutrina Espírita.
A obsessão continua sendo um dos motivos que mais tem levado espíritas e não espíritas em busca de tratamento nos Centros e Instituições Espíritas.
Paz ao seu Espírito.
Citações
1) MORAES- Nelson. Einstein & Kardec. Editora Aliança. 1ª Edição - 2012
2) Disponível no Site: http://pensador.uol.com.br/frases_freud/
3) Disponível no Site: http://rcnomundo.blogspot.com.br/2010/04/o-espirito-e-inteligencia-e-vida-e.html - Racionalismo Cristão. Acessado em 13.07.2015
4) Disponível no Site: http://www.vivercomalma.com.br/txt/1-jung_mundo_dos_espiritos.htm – acessada em 13.07.2015
5) Idem
6) AKSAKOF. Alexandre- Animismo e Espiritismo- Editora Feb- 1983- 3ª Edição.
7) Kardec, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo. Editora LAKE. 1974 – 9ª Edição