GABRIEL DELANNE

Semana 275

O Século XIX e a Doutrina Espírita

Sabemos, historicamente falando, que o século XIX, considerado o “Século da Razão”, foi marcado por grandes transformações provenientes, primeiro, pela Revolução Francesa (1789), em segundo, pela Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII.

Em todos os campos do saber e das atividades humanas registraram-se mudanças importantes, que foram muito além das fronteiras onde se originaram. Hoje, com raras inobservâncias de alguns povos, direitos e garantias individuais, por exemplo, estão inseridas em todas as Cartas Magnas de países democráticos.

Em meio a esse cipoal de acontecimentos, todos de uma relevância extrema e que marcariam todo o rumo da civilização moderna, surge a Doutrina Espírita, também trazendo no bojo de seus princípios, uma revolução no campo das ideias, principalmente as de ordem moral e, claro, o seu caráter eminentemente revelador.

Uma plêiade de Espíritos Superiores, comandada pelo Espírito Verdade, trouxe pelas vias mediúnicas, os princípios e as revelações dessa Doutrina, sendo essa a razão de ela guardar o caráter da impessoalidade e de universalidade.

Para muitos é difícil compreender essas características, em razão de estarem ainda na superfície do conhecimento, presas a preconceitos de toda ordem e subjugadas a dogmas religiosos. Como a Doutrina Espírita apresenta-se sob três aspectos: científico, filosófico e religioso, é preciso dissecá-la em todos eles, lembrando que a ciência do mundo utiliza métodos adequados para as coisas da matéria, sendo certo que para a metafísica, ou seja, as coisas que extrapolam o campo da materialidade será preciso o uso de método adequado para a confirmação dos fenômenos psíquicos, muitos dos quais, os que a trouxeram para o mundo.

Assim como as revoluções acima apontadas com repercussões que até hoje continuam a mudar o mundo, a Doutrina Espírita cumprirá igual papel no campo da moral, já que as revelações nela contidas despertarão o Homem para seus objetivos superiores. Significa dizer que o homem, com a confirmação da própria ciência, verá ser lançada a pá de cal sobre as questões que sempre atormentaram seu espírito, que é saber de onde veio, o que está fazendo aqui, e para onde irá depois da morte.

O Espiritismo surge, como bem assinala Emmanuel, no livro “A Caminho da Luz”, na hora psicológica das grandes transformações, alentando o espírito humano para que não se perdesse o fruto sagrado de quantos trabalharam e sofreram no esforço penoso da civilização. Com as provas da sobrevivência, vinha reabilitar o Cristianismo que a Igreja deturpara, semeando de novo, os eternos ensinamentos do Cristo no coração dos homens. Com as verdades da reencarnação, veio explicar o absurdo das teorias igualitárias absolutas, cooperando na restauração do verdadeiro caminho do progresso humano. Enquadrando o socialismo nos postulados cristãos, não se ilude com as reformas exteriores, para concluir que a única renovação apreciável é a do homem íntimo, célula viva do organismo social de todos os tempos, pugnando pela intensificação dos movimentos educativos da criatura, à luz eterna do Evangelho do Cristo.

O século XX, por sua vez, surge no horizonte do Globo, qual se fosse uma arena de lutas renovadoras. As teorias sociais continuam seu caminho, porque há muito que fazer, esbarrando, vez ou outra, nas curvas tenebrosas do extremismo, mas, as revelações do além-túmulo tocam as almas gradativamente, preludiando uma nova era de paz e luz.

As transformações ainda estão se cumprindo e anseia-se por uma nova ordem, que dependerá de muito esforço e o esforço do Espiritismo é quase superior às suas próprias forças, mas, o mundo não está à disposição dos ditadores terrestres.

Jesus é o seu único diretor no plano das realidades imortais. 

Confiemos no nosso Mestre e façamos todo o empenho para, individualmente, colaborarmos na grande mudança de ordem moral que deverá se instalar na Terra, sob a égide do Evangelho Redentor.