François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 277
A contribuição da Ciência ao Espiritismo
Alfredo Zavatte
Há muito tempo observamos que outras doutrinas religiosas
não aceitam e até mesmo criticam os conceitos do Espiritismo em relação à
comunicabilidade com os Espíritos. Um dos argumentos, frequentemente usados
pelos detratores, é que Moisés proibiu a comunicação com os seres
desencarnados.
É fundamental que analisemos quando e por que houve essa
proibição, e os acontecimentos que sucederam a Moisés.
Primeiramente, é preciso entender que Moisés viveu em um
tempo em que era hábito comum a consulta prévia aos adivinhos e às pitonisas
(mulheres que tinham o dom da profecia), para saberem sobre se deveriam ou não
fazer o que tinham em mente.
Os Reis, que normalmente marchavam à frente de seus
exércitos, habitualmente consultavam os ditos sábios, para saberem se deveriam
ou não empreender uma batalha, se a estratégia que tinham em mente estaria
adequada para que obtivessem êxito na guerra.
Na verdade, a maioria das pessoas, em qualquer
circunstância, não abriam mão dessas consultas.
Em vista disso, Moisés precisou vetar esse hábito, pois,
como médium que era, sabia perfeitamente que os Espíritos não estavam à
disposição dos encarnados para serem consultados sobre questões que caberiam a
eles decidirem; afinal, o livre-arbítrio é clausula pétrea.
Atualmente, muitas seitas religiosas, que condenam o
Espiritismo, ainda permanecem presas a essa proibição de Moisés, que aconteceu
há milênios.
Muitos seres humanos se esquecem, ou desconhecem, do
ocorrido quando Jesus subiu ao monte Tabor com os seus discípulos Mateus, Tiago
e João (Mat: 17). Analisemos esse texto de Mateus:
“1 Seis
dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os
conduziu em particular a um alto monte.
2 E
transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes
se tornaram brancas como a luz.
3 E eis
que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4 E
Pedro, respondendo, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres,
façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias.
5 E,
estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem
saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo;
escutai-o.
6 E os
discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo.
7 E,
aproximando-se, Jesus tocou-lhes e disse: Levantai-vos, e não tenhais
medo. (Mat: 17. 1:7)
Neste ato, ao nosso ver, Jesus, um Espírito superior, revogou
a proibição de Moisés. Naquele instante ocorrera um ato de
materialização de espíritos a céu aberto, efeitos físicos e a
comunicabilidade com os Espíritos Moisés e Elias, desencarnados há muito tempo.
Prossegue Mateus:
14 E,
quando chegaram à multidão, aproximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos
diante dele, e dizendo:
15 Senhor,
tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes
cai no fogo, e muitas vezes na água;
16 E
trouxe-o aos teus discípulos; e não puderam curá-lo.
17 E
Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei
eu convosco, e até quando vós sofrereis? Trazei-mo aqui.
18 E,
repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele, e desde aquela hora o menino
sarou.(Mat. 17:14/18)
Outro fenômeno de
comunicação com os Espíritos, em que Jesus demostrou, através de seus dons
Espirituais, que a lei de Moisés estava arcaica, como o próprio Evangelho de
Mateus nos mostra, com essas e outras manifestações.
Jesus, o Mestre por
excelência, e cumpridor das leis divinas afirmou:
“Eu não vim destruir a lei” é uma frase de
Jesus que aparece na Bíblia. Ele disse isso para significar que não veio
para revogar a lei, mas para cumpri-la. (Mateus 5:17-41)
O Evangelho segundo o Espiritismo
também não veio destruir nenhuma lei Divina, mas sim dar cumprimento a
elas (E.S.E Cap.1-Ed. LAKE -1974), obrigação dos adeptos do Espiritismo, visando
a edificação de uma humanidade mais ética e altruísta.
“O Espiritismo e a Ciência se complementam
reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de
explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a
Ciência, faltariam apoio e comprovação”. [Allan Kardec, A Gênese, Editora FEB,
36a. Edição, (1995)].
O Espiritismo é consolador, e muitos de seus
conceitos já possuem comprovações científicas oriundas de pesquisas de
renomados cientistas, que confirmam, por exemplo, a veracidade da comunicabilidade
entre Espíritos encarnados e desencarnados.
A Ciência, já tinha conhecimento da existência da
manifestação de espíritos, conforme se observa no CID X, Código
Internacional de Doenças, no seu item F91.0: “Distúrbios de conduta
aos contexto familiar” e na American Psychiatric Association IV, em seu
item 300.15: “Transtorno Dissociativo Sem Outra Especificação”.
A Ciência demostrou,
através de pesquisa publicada no Brazilian Journal of Psychiatry (Revista
Brasileira de Psiquiatria), que médiuns possuem em seu genoma 33 genes específicos,
comparativamente aos seus parentes de primeiro grau, porém desprovidos da
mediunidade ostensiva. Ou seja, médiuns ostensivos apresentam algumas
características genéticas próprias.
Essa informação científica apresenta uma elevada magnitude à
comprovação do processo mediúnico, um dos pilares da Doutrina Espírita.
Consequentemente, também contribui para o entendimento de que a morte não
existe, pela confirmação da existência do Plano Espiritual através da
comunicabilidade com nossos irmãos e irmãs desencarnados.
A imortalidade da alma, a pluralidade das existências
e a comunicação com os desencarnados são princípios fundamentais do Espiritismo,
que ganha, a cada dia, novos adeptos, através da força dos fenômenos e pelo
avanço do conhecimento científico. Pesquisas de alto nível, congressos na área
médico-espírita, têm ratificado os preceitos dessa Doutrina, magnificamente
organizada por Allan Kardec há 168 anos, numa época em que os avanços
técnico-científicos da atualidade inexistiam.
Encerro esse artigo com palavras do Padre François Brune
(1931 – 2019), escritor católico francês:
“Progressivamente então, surgirão verdades essenciais
que se tornarão, assim eu lhes desejo, a matéria de suas vidas. A morte é
apenas uma passagem. Nova vida continua, sem qualquer interrupção, até o fim
dos tempos. Levaremos conosco para o além de nossa personalidade, nossas
lembranças, nosso caráter. O após vida existe e nós podemos nos comunicar com
aqueles que chamamos de mortos.” (BRUNE, Pe. François Charles
Antoine- os Mortos nos Falam- Ed. EDICEL-1ª Edição- 1991).