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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 281


A trajetória evolutiva do Espírito (Parte 2)


Edson Ramos de Siqueira



A parte 1 (semana 278) deste artigo encerrou-se com a essência da questão 27 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec: “Há dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito, e acima de tudo Deus”. Quando se observa o comportamento de qualquer animal, não é possível imaginar que sejam apenas matéria. A análise anatômica, fisiológica e comportamental, comparativamente aos humanos, é instigante. Quem concordar que não são apenas matéria, terá concluído, consequentemente, que são espíritos.    

“Sob o ponto de vista etimológico (origem da palavra), “anima” (raiz da palavra animal) em latim, significa “respiração”, “alma”. Sendo assim, poder-se-ia afirmar que os animais não apenas respiram, como também têm uma alma” (dicionarioetimologico.com.br).

Diante disso, seria correto afirmar que Reino Animal poderia ser também denominado Reino das Almas.

Para facilitar as reflexões acerca desse tema tão complexo, transcrevi, a seguir, mais alguns trechos da obra “A Reencarnação”, de Gabriel Delanne.

“A vida na Terra apareceu sob formas rudimentares, antes de apresentar-se na maravilhosa complexidade dos seres animais e vegetais que a povoam hoje. Vê-se que as manifestações da inteligência são, de forma geral, correlativas à complexidade dos organismos. Por mais curiosas que sejam as habitações das formigas, das abelhas ou dos castores; por mais engenhosas que se revelem as disposições de certos ninhos, todas essas construções não podem comparar-se às nossas, e a diferença mede precisamente o grau de evolução que delas nos separa... 

A hipótese de René Descartes (filósofo e físico francês), de que os animais não seriam mais que autômatos, reagindo mecanicamente às excitações do meio exterior ou interior, parece-me insustentável, qualquer que seja o ponto de vista. Se admitirmos, com os materialistas, que a inteligência é função do cérebro, como existe nos vertebrados superiores um sistema nervoso muito complicado, e como ele apresenta com o nosso uma analogia de composição, de disposição e de reação, o que se produz em nós deve produzir-se neles. O cérebro de um macaco, ou mesmo de um cão, difere do cérebro humano por uma simplicidade maior... É preciso, pois, admitir, logicamente, que as manifestações exteriores que qualificamos de inteligentes em nós, devem ter o mesmo nome quando observadas nos animais...

A identidade dos tecidos vivos humanos e animais é seriamente fundada, e desde que os vertebrados superiores têm um sistema nervoso semelhante ao nosso, como composição, e de disposição análoga, é pouco filosófico recusar-lhes a faculdade de pensar...

Nós, espíritas, que temos a prova da existência independente do princípio anímico (espírito), não podemos deixar de crer que ele existe nos animais...

 Passando por todo o reino animal, há uma série gradual e contínua, que parte da inconsciência quase total até a plena luz da razão que ilumina os homens superiores. Em lugar de ver nessa grandiosa hierarquia unidades separadas, de que cada uma seria efêmera centelha, a teoria das vidas sucessivas obriga-nos a pensar que todo ser, chegado ao ápice, passou pelas fases inferiores, e que seu desenvolvimento não é devido ao capricho de um criador, que o teria privilegiado, mas ao seu próprio esforço. A ordem, a justiça e a harmonia se introduzem na explicação da natureza; a evolução não é mais uma sucessão de acasos felizes, mas, o desenvolvimento de um plano lógico para a vitória do espírito sobre a matéria...

Não nos espantemos, pois, de descobrir nos vertebrados o esboço do que será mais tarde a alma humana. Não devemos esperar ver nos animais uma inteligência ou sentimentos comparáveis em intensidade ao que se observa no homem, mas o que neles devemos encontrar, se é verdadeira a evolução anímica, é o embrião de todas essas faculdades. 

Questão 597 de O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec:

“Visto que os animais têm uma inteligência que lhes dá uma certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria?

Sim, e que sobrevive ao corpo”.

Duas observações importantes:

1 – Kardec não perguntou aos Espíritos da Codificação se os outros animais são inteligentes; ele afirmou!

2 – Princípio independente da matéria é espírito.

“O homem é o único animal que pensa. É o único animal que pensa que não é animal” (Blaise Pascal).