François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 288
A criança obsidiada:
Uma fração importante das psicopatologias que acometem as crianças é de origem obsessiva. Os inimigos desencarnados, adversários de vidas passadas, acompanham a criança e, na maioria das vezes, apresentam-se no momento do sono, quando o Espírito se vê temporariamente liberto do corpo físico. São cobradores do passado, assediando acirradamente os pequenos reencarnados.
É no momento desse desprendimento, durante o sono, que as recordações dos momentos infelizes do passado afloram, transformando o sono tranquilo em pesadelos atrozes, instalando as fixações que geram enfermidades. A medicina terrena, na maioria das vezes, encontra dificuldade para resolver o problema.
Essas crianças apresentam comportamentos diferentes, incontroláveis, agressivos, falta de quietude. Já presenciamos várias delas em fase depressiva, situação que tem aumentado significativamente. Muitas vezes, optam pela autodestruição.
A reversão dos quadros obsessivos é complexa, em função, sobretudo, da dificuldade dos pais em aceitar os preceitos da doutrina Espírita, principalmente no que diga respeito ao mecanismo reencarnatório, que é a raiz de todo o problema obsessivo. Há, ainda, um agravamento desse processo quando os pais, ao invés de envolver a criança em vibrações de bem-estar, harmonia, amor e compreensão, método essencial para neutralizar as energias magnéticas negativas ali presentes, não o fazem, mantendo um clima pesado no lar.
Perseguições complicadas de espíritos vingadores desencarnados tornam difícil seu afastamento pois, muitos deles, sabendo o que estão a fazer, têm o propósito de atingir o grupo familiar. Ódio, intransigência, processos de cristalização da ação obsessiva, tornam o “cobrador” irredutível. Nesses casos, a oração cotidiana é essencial. É muito importante, também, que se crie o hábito de realização do Evangelho no lar, pelo menos uma vez por semana, momento em que toda a família se reúne para orar.
Os obsessores são inteligentes, estrategistas, bons planejadores, não têm pressa em encontrar aqueles que os feriram. O tempo, para eles, passa de forma diferente. Espreitam, identificam os pontos vulneráveis, observam pelo tempo que for preciso, estudam cada passo e cada atitude do grupo familiar, com a finalidade de atingir seu objetivo.
Normalmente, esses ataques resultam em desequilíbrios físicos, abalando a saúde do tenro corpo físico do Espírito que acabou de chegar à Terra para sua missão de aprendizagem e regeneração. A degeneração do corpo físico é bem nítida, tendo em vista que é peculiar, no obsidiado, não ter o devido cuidado com seu corpo. Tornam-se relapsos, chegando ao ponto dos familiares terem dificuldade em levá-los ao médico e a tomarem seus medicamentos corretamente. Os obsessores preferem explorar as patologias de difícil diagnóstico.
O número de crianças obsidiadas tem aumentado consideravelmente, o que pode ser traduzido em Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Síndrome do Pânico, dentre tantas outras enfermidades.
O Dr. Nubor Facure adverte: “O pensamento é força criadora proveniente do Espírito que o impulsiona. Mesmo conhecendo muito pouco de suas propriedades, sabemos que a energia mental que o pensamento exterioriza exerce total influência no corpo espiritual, modificando sua forma, sua aparência e sua consistência. É por isto que Allan Kardec afirmou que se situa no perispírito a verdadeira causa de muitas doenças e a Medicina teria muito a ganhar quando compreendesse melhor sua natureza.
Cada um de nós vive em sintonia com o ambiente espiritual que suas atitudes e seus desejos constroem para si próprio.”(1)
O estado obsessivo encontra-se na intimidade de cada um de nós, exteriorizando-se em forma de tormentos físicos, mentais e emocionais. Normalmente, sua origem está no passado, nos deslizes cometidos, gerando ódio, paixões, avareza, orgulho exacerbado, dentre outros fatores geradores da obsessão.
Lembremo-nos de Cristo quando curava. Ele sempre pronunciava estas palavras: “a tua fé te curou” ou “vá e não tornes a errar”. Ele jamais libertou alguém do sofrimento sem impor a necessidade da renovação íntima. Nem, tampouco, expulsou perseguidores sem lhes fornecer a rota, o novo caminho. Estas são as medidas mais importantes a seguir por aqueles que desejam a cura e a libertação. A parte mais importante cabe ao paciente.
André Luiz nos ensina:
“Afligir a mente é alterar as funções do corpo. Por isso, qualquer inquietação íntima chama-se desarmonia e as perturbações orgânicas chamam-se enfermidades”.(2)
Uma dúvida certamente emerge em nossa mente:- como incutir na cabeça de uma criança, que esteja totalmente desarmonizada, que ela tem que se modificar?
Não nos esqueçamos de que, nem sempre, as perturbações observadas nas crianças têm origem nelas mesmas. Os espíritos obsessores são sagazes e sabem que a dor será maior aos pais se a influenciação maléfica recair sobre seus filhos. Daí a recomendação da reforma íntima que cabe aos pais, visando o reequilíbrio da criança e do lar.
No mesmo capítulo, André Luiz, que estava em missão de socorro espiritual, ouvia atentamente Anacleto, o mentor da missão. Nessa tarefa, Anacleto intercedia com fluidos magnéticos aos necessitados, que se “acercaram de um senhor que, mesmo simpatizando-se com as atividades espiritualizantes, era portador de sentimentos menos nobres, por ser extremamente caprichoso. Estimava rixas frequentes, discussões apaixonadas, o império de seus pontos de vista. Não se acautelava contra seus atos de se encolerizar e despertava incessantemente a cólera e a mágoa dos desfrutes, alimentando o centro de convergência de intensas vibrações destruidoras. Vinha, esse senhor, há muito tempo, àquele grupo buscar socorro, sempre recebendo-o e, também, orientações e ensinamentos no seio do amor cristão, que lhe chamavam a consciência à prática das obrigações necessárias ao seu próprio bem-estar. Este, porém, não os ouvia. O ódio era um agente facilitador para sua enfermidade e recusava-se à modificação proposta. O Orientador Anacleto então exclamou ao grupo socorrista:
- Temos que interromper o nosso serviço de libertação para com esse senhor, por algum tempo. Ele aprenderá, com as amargas experiências na dor, a necessidade da modificação. Aí sim, retornaremos a dispensar-lhe a ajuda, modificação essa, sem a qual, jamais conseguirá êxito.
André Luiz, atônito, aguardou as orientações de Anacleto e, quando a sós, lhe perguntou:
- Não seria uma falta de caridade para com nosso assistido?
Respondeu Anacleto em atitude discreta:
- Não, André, o Senhor ama sempre, mas não perde a ocasião de aperfeiçoar, polir e educar... A dor também ensina”.(3)
A fixação em permanecer no desequilíbrio é um dos entraves a dificultar a remoção da dor e a promoção do refazimento. A Doutrina Espírita mostra o caminho, fazendo o convite aos enfermos e aos que o cercam para a responsabilidade da renovação, convocando-os à autoanálise honesta, dentro do bom senso e do livre-arbítrio, objetivando desfazer, definitivamente, os atos malfazejos que levaram o doente ao ponto em que chegou.
Deus não comete injustiças, nós somos os responsáveis pelas nossas próprias dores e sofrimentos. É apenas a lei sendo cumprida.
Diante das perseguições espirituais, a melhor proposta é a do Evangelho, única, legítima e detentora da libertação. E Cristo, o modelo por excelência, é o grande libertador a quem devemos recorrer. Assim Ele disse: “Ninguém vai ao Pai senão por mim”.(4)
É ali que encontraremos receitas, às vezes amargas, para serem ingeridas, mas que nos darão a cura. É a ele que devemos recorrer quando estivermos em dor e aflição, independentemente se sejamos nós ou outros irmãos. Entregar-se ao auxílio do próximo, que esteja espiritualmente doente e caído, é obter a redenção para a cura dos males que afligem a todos nós, espíritos em evolução.
Conscientes de que somos seres imortais, que vagamos entre dois mundos, precisamos nos preparar para a próxima colheita obrigatória.
Jesus, assim como muitos outros sábios que passaram por aqui, já nos ensinaram que o melhor antídoto para a dor é o amor, a caridade e a abnegação a todos aqueles que sofrem.
Paz ao seu espírito.
Citações
1)- Disponível no Site: http://espiritismo-piracicaba.blogspot.com.br/2015/05/doencas-espirituais-por-nubor-orlando.html - acessado em 13/01/2016.
2)- XAVIER, Francisco Candido- Espirito André Luiz- Missionários da Luz - 13ª Edição – 1980- Ed FEB - Cap 19.Pag 329
3)- _____/____/____ . Pags 334/335
4)- João 14:6