François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.
Semana 300
“Hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa não possui, frequentemente exigindo que os outros se comportem dentro de certos parâmetros de conduta moral que ela própria extrapola ou deixa de adotar. A palavra originou-se do latim hypocrisis e do grego hupokrisis – ambas significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou mais tarde a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos. [...] Os atores gregos usavam máscaras de acordo com o papel que representavam numa peça teatral. É daí que o termo hipócrita designa alguém que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência” (pt.m.wikipedia.org).
Os séculos passam, a sociedade humana evolui aceleradamente sob a ótica material, mas, a passos lentíssimos sob o prisma moral, que pressupõe a aprendizagem do Amor; simplesmente e somente isso. Após um processo evolutivo de milhões de anos, nós, como Homo sapiens, iniciamos, há cerca de 200.000 anos, a trajetória evolutiva na Terra.
Ao longo desse período tivemos, continuamos a ter e sempre teremos a presença de muitíssimos mestres do Amor. Há mais de dois milênios esteve reencarnado entre nós, Jesus, Espírito Divino que nos deixou as lições essenciais sobre a interiorização do verdadeiro Amor, capaz de nos impulsionar a patamares cada vez mais elevados da escala evolutiva espiritual, rumo à perfeição moral e intelectual.
Naquela época, não entendemos a magna missão do Mestre! E a Humanidade, como um todo, continua sem entender!
O que fizemos? O pregamos na cruz! E continuamos a fazê-lo, pois cada gesto de qualquer ser humano, que envolva o desamor ao próximo, simbolicamente significa o sacrifício do Amor representado pelo Mestre.
Até quando continuaremos insensíveis aos ensinamentos morais oriundos da Espiritualidade Superior?
Qual o papel que as religiões têm desempenhado, ao longo da História, no sentido de sedimentar em seus seguidores os ensinamentos dos grandes Mestres do Amor?
Há séculos os humanos rezam à exaustão, imploram a Deus e demais superiores que resolvam seus problemas e os do planeta, que tirem os sentimentos egóicos de seus corações.
Se coubesse a Deus resolver nossos problemas, se vivêssemos constantemente num “mar de rosas”, qual seria o sentido da vida? Não compete a Ele solucionar tudo o que cabe a nós resolvermos; afinal, temos livre-arbítrio - ou não? A parte que Lhe cabe já está resolvida desde que o Universo foi criado e passou, obviamente, a ser regido pelas imutáveis e irrevogáveis Leis Divinas.
Quando entenderemos que o Amor é o remédio para todos os males que nos assolam? Até quando a hipocrisia?
Na questão 842 de O Livro dos Espíritos, seu autor, Allan Kardec, perguntou aos Espíritos da Codificação: “Como todas as doutrinas têm a pretensão de ser a única expressão da verdade, por quais sinais podemos reconhecer a que tem o direito de se apresentar como tal?
Essa será a que produza mais homens de bem e menos hipócritas, quer dizer, que pratiquem a lei de Amor e caridade na sua maior pureza e na sua aplicação mais ampla. Por esse sinal reconhecereis que uma doutrina é boa, pois toda doutrina que tiver por consequência semear a desunião e estabelecer divisões entre os filhos de Deus só pode ser falsa e perniciosa”.
O pastor evangélico Ed René Kivitz, citado por Irvênia Prada (na obra Cartas ao Doutor Bezerra de Menezes), escreveu um texto intitulado: “Reflexão para a paz”, do qual transcrevi um trecho:
“O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros [...]. A religião está baseada em ritos, dogmas, credos, tabus [...]. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas as tradições de fé. Quando você discute se o correto é reencarnação ou ressurreição [...] e se o livro certo é a Bíblia ou o Alcorão, você está discutindo religião. O problema é que toda vez que você discute religião, você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Yahweh, de Jesus, de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai [...]. Mas, quando você concentra sua atenção e ação em valores como reconciliação, perdão, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as religiões. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Quando você questiona se a instituição social é espírita, evangélica ou católica, você está discutindo religião. Os valores espirituais agregam pessoas, aproximam os diferentes, fazem com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos, no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero e inclusive religião”.
Cerca de 84% da população da Terra segue uma religião. Paradoxalmente, os tristes cenários de destruição material e autodestruição espiritual continuam! Guerras intermináveis; maiores investimentos em armas em detrimento da extinção da fome, da miséria, das doenças banais que continuam a matar apesar do desenvolvimento das ciências da saúde, do sofrimento em geral; destruição acelerada do meio ambiente a maximizar as mudanças climáticas que subtraem milhares de vidas anualmente no planeta; a corrupção desenfreada; a banalização dos princípios éticos e morais; e assim por diante.
Até quando a hipocrisia dos que rezam mecanicamente, que pedem a Deus a solução daquilo que deveria ser resolvido por eles mesmos, mas não assumem a responsabilidade por suas existências, não têm consciência que a construção dos nossos destinos depende exclusivamente do livre-arbítrio e da vontade de cada um?
Quando compreenderemos que o desamor destrói, adoece, promove o sofrimento; enquanto o Amor constrói, cura todas as feridas, extingue gradativamente as dores de todas as naturezas?
De quantos séculos ainda precisaremos para despertar a consciência à realidade de nossas existências?
Até quando as ilusões pela matéria efêmera, em detrimento da evolução do Espírito eterno que somos?
Até quando aprovaremos o mal?
Até quando nos curvaremos diante dos grandes obsessores da Humanidade, caindo na vil armadilha da fascinação coletiva?
Até quando continuaremos a nos enganar pelos comportamentos hipócritas?
Sugestão: Quando pensarmos, antes de falarmos ou agirmos, perguntemos a nós mesmos:- Jesus pensaria, falaria ou agiria dessa forma?
Se a resposta for não, tentemos agir como o Mestre do Amor. Eis o caminho da extinção da hipocrisia e, consequentemente, da redenção!