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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 32

O FENÔMENO DA MORTE

                                              

O artigo desta semana versará sobre uma comunicação de Joanna de Ângelis, psicografada por Divaldo Pereira Franco, em 2/6/2014, na residência de Dominique e Armandine Chéron, em Vitry-sur-Seine, na França.

Os trechos com palavras em itálico, foram acrescentados por nós.

A seguir, a transcrição completa da psicografia.

 

“Presente e constante na existência humana, o fenômeno da morte constitui uma fatalidade da qual ninguém se consegue eximir (fatalidadedestino que não se pode evitar).

Ocorrendo a cada momento nas células, que também se renovam, ocasião chega em que a anóxia cerebral se encarrega de parar as funções do tronco encefálico, interrompendo a ocorrência biológica da vida física.

Todos os seres que nascem morrem, dando prosseguimento ao milagre da vida em outra dimensão, aquela de onde tudo procede.

O objetivo essencial da existência física, em consequência, é a construção e vivência dos valores éticos responsáveis pelo progresso incessante do Espírito até o momento em que alcança a plenitude.

Mesmo nos reinos vegetal e animal, o processo de nascimento e morte obedece à planificação do desenvolvimento evolutivo da essência divina presente em tudo e em toda parte como fundamental manifestação da vida.

Desde quando criado o ser, o Deotropismo (tendência natural de sermos atraídos rumo à Divindade) o atrai com força dinâmica inescapável...

Ao atingir a fase do instinto, desenham-se-lhe no psiquismo pelas experiências, os pródromos (sinal anunciador, primeiros indícios de algo) da razão, passo gigantesco no rumo da angelitude.

Fixar os valores que dignificam e elevam, que o liberta da fase antropológica primitiva, torna-se-lhe, portanto, imposição inevitável que o arrasta no rumo da ascese (elevação espiritual), que lhe constitui meta a ser conquistada.

Passo a passo, experiência após vivência, a ânsia de alcançar a paz e a sabedoria estimula-o ao prosseguimento, mesmo quando sob ações penosas do sofrimento decorrente da desatenção e da rebeldia ante as leis que regem o Universo.

Parte integrante do Cosmo, essa unidade minúscula que é o ser humano, à semelhança de uma micropartícula que forma a unidade atômica, deve manter a sua constância sob o comando da consciência lúcida que reflete o estágio em que se encontra.

As ocorrências desastrosas por falta de discernimento, por teimosia dos instintos agressivos, retardam-lhe a marcha, sem dúvida, porém, não impedem que ocorram novas oportunidades vigorosas em provações ou expiações pungitivas (aflitivas, sofredoras), que se encarregam de corrigir as anfractuosidades (deformações) morais e os desvios comportamentais, impondo a conduta correta como a solução adequada para o equilíbrio e o bem-estar.

Viver é automático, porém, bem-viver, selecionando as questões que promovem os sentimentos e a inteligência a níveis mais elevados, para a conquista da sabedoria, deve ser o objetivo de máxima importância para todo viajante na indumentária carnal.

Sócrates, totalmente lúcido e decidido a demonstrar a sua grandeza moral, em fidelidade a tudo quanto ensinou e viveu, recebeu a morte como um grande bem.

Instado por Críton a fugir, que houvera organizado um plano audacioso com os seus demais amigos, o Filósofo surpreendeu-se e o repreendeu, demonstrando que as leis, mesmo quando injustas, devem ser obedecidas, de modo que a sociedade aprenda a estabelecer códigos de nobreza.

Caso fugisse, demonstrava que era realmente o que dele diziam os inimigos, especialmente aqueles que o levaram ao tribunal com infâmias grosseiras.

E sofismando  respeito da existência, qual fizeram ante os juízes, anuiu com tranquilidade com a sentença infame, demonstrando que a existência física é uma experiência de iluminação e não uma pousada para o prazer infinito.

Buda, de igual maneira, despedindo-se dos discípulos que aguardavam mais informações, a fim de darem continuidade à divulgação dos seus pensamentos, informou que lhes legava o Dharma – a ordem universal imutável – e, serenamente, abandonado por muitos que antes o assistiam, silenciou a voz e retornou à pátria da imortalidade.

Jesus é o exemplo máximo, porque no auge dos sofrimentos pôde anunciar frases que assinalariam com vigor a sua despedida, desde o perdão aos crucificadores  “que não sabiam o que estavam fazendo”, até entregar a mãezinha aos cuidados do discípulo amado, rompendo os laços da consanguinidade terrestre em favor da fraternidade universal.

Foi mais além, dialogando com o ladrão que lhe suplicava ajuda, e socorrendo-o com a resposta da esperança sublime da sua entrada no Reino dos Céus, assim que se desvencilhasse das asperezas dos erros e cumprisse tudo para quanto viera, num inolvidável silêncio após o “tudo consumado”.

Logo mais, porém, retornou em júbilo na madrugada esplendente de sol e de beleza, confirmando a imortalidade e o triunfo da vida à contingência material, de modo que os amigos e quantos outros o viram, pudessem superar a injunção corpórea e voar nos rumos do Infinito.

Francisco de Assis, sofrido pela ingratidão de alguns dos melhores companheiros, ferido e maltratado, sem forças nem resistências orgânicas, exauriu-se lentamente, cantando sempre até ao último hausto, a ponto de ser censurado por tanta alegria...

Todos aqueles que descobriram a imortalidade enfrentaram a consumpção (progressivo definhamento do organismodos tecidos orgânicos com estoicismo(coragem) e naturalidade, alegrando-se com o término da tarefa terrestre abraçada, de modo a retornarem vitoriosos ao Grande Lar de onde partiram no rumo do planeta terrestre. 

            Reflexiona diariamente a respeito da tua partida em direção à imortalidade, preparando-te, a fim de que não te fixes em interesses mesquinhos retentivos da retaguarda material.

            Treina o pensamento, em considerações constantes em torno da desencarnação, porquanto ela chegará, talvez, quando menos a esperes.

Se tiveres a felicidade de enfermar por longo prazo, diluindo os liames retentivos do corpo físico, isto será uma benção.

Mas, se fores convocado repentinamente, deixa-te conduzir com alegria, certo de que viverás.

Nada obstante, prepara-te conscientemente para enfrentar esse fenômeno terminal, agradecido ao corpo que te vem servindo de instrumento para a evolução e a tudo quanto te ocorre na atual conjuntura evolutiva”.





A partir desta data, nosso site passará a contar com a valiosa colaboração da escritora espírita Martha Triandafelides Capelotto. Ela reside em São Paulo, é palestrante, coordenadora de cursos, colunista de jornais espíritas e, por vários anos, enquanto residiu na cidade de Jaú, fazia programas espíritas nas rádios locais.