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ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESPÍRITA

GABRIEL DELANNE

François Marie Gabriel Delanne nasceu em Paris, no dia 23/3/1857, ano de lançamento de "O Livro dos Espíritos". Seu pai, Alexandre Delanne, muito amigo de Allan Kardec, era espírita e sua mãe, Marie Alexandrine Didelot, era médium e contribuiu na codificação do Espiritismo. Gabriel foi engenheiro e dedicou-se ao Espiritismo Científico, tendo buscado sua consolidação como uma Ciência estabelecida e complementar às demais. Fundou a União Espírita Francesa, a revista "O Espiritismo", além de ter publicado vários livros. Desencarnou no dia 15/2/1926, aos 69 anos.

Semana 74

 

O grande Pensador Léon Denis (parte III)

 

Edson Ramos de Siqueira

 

 

            Conforme Claire Baumard, autora da obra: “Léon Denis na intimidade”, ele dedicou toda sua vida exclusivamente ao Espiritismo; e com a energia que lhe era peculiar, divulgou-o durante 50 anos, com maestria.

            Salientou a autora, secretária de Léon Denis já na parte final da existência do Mestre, que ele era detentor de inúmeras qualidades inatas, às quais acrescentou outras. Ele soube controlar sua intensa energia e transformá-la em paciência. Apesar de muito combativo, tinha a resignação como característica marcante; posta em prática, sobretudo, quando foi acometido pela cegueira.

            Apesar da dificuldade, sua vontade e determinação o fizeram reagir positivamente e, aos 70 anos de idade, aprendeu a ler a escrita Braille.

            Acrescentou Claire que Denis tinha excelente memória, fato que lhe facilitava recitar poemas; uma das formas de atenuar sua solidão. Gostava muito de “Os Versos Dourados”, do filósofo Pitágoras, do qual sempre destacava a seguinte estrofe:

            “Que nunca o sono feche tuas pálpebras sem teres te perguntado: que tenho eu omitido? Que tenho eu feito? Se tens agido mal, abstém-te; se tens agido bem, persevera. Escuta meus conselhos, ama-os, segue os todos para as divinas virtudes, eles saberão te conduzir”.

            Assim é Léon Denis (conjugo o verbo no presente porque a Vida do Espírito continua, eternamente): sensível, profundo, prático e objetivo em suas abordagens filosóficas acerca da Vida e do destino do Espírito.

            Considerando-se que evoluir é a única razão para estarmos reencarnados neste ou em qualquer Planeta do Universo, ou desencarnados em qualquer dimensão da Casa do Pai, apresento a seguir alguns trechos sobre evolução espiritual, das obras “No Invisível” e “Depois da Morte”, de Léon Denis.     

“A verdade assemelha-se às gotas de chuva que tremem na extremidade de um ramo; enquanto ali estão suspensas, brilham como diamantes puros no esplendor do dia; quando tocam o chão misturam-se com todas as impurezas. Tudo o que nos chega do Alto corrompe-se ao contato com a Terra; até ao íntimo do santuário o homem levou suas paixões; as suas concupiscências (grande desejo de bens ou gozos materiais), as suas misérias morais. Assim, em cada religião, o erro, fruto da terra, mistura-se à verdade, que é o bem dos céus”.

“Se eu tivesse que resumir, em linhas simples e concisas, os ensinamentos dos espíritos guias (mentores espirituais), eu diria: a lei suprema do Universo é o bem e o belo, e a evolução dos seres através dos tempos, através dos mundos, não tem outro objetivo que a conquista lenta e gradativa dessas duas formas de perfeição…

Sem renegar seu passado, é chegada a hora de a Humanidade renunciar às velhas fórmulas e de entrar resolutamente em uma nova estrada feita de luz e de liberdade. Os males de nosso tempo provêm de nós persistirmos em viver de um ideal que se tornou estéril, e até, na maior parte das vezes, sem nenhum ideal, ainda que o Universo abra ao pensamento seus horizontes infinitos, o império da vida, escada prodigiosa da qual tudo nos convida a subir os degraus…

Em meio ao nosso século atormentado, sob o golpe de provas sofridas, o pensamento se inquieta, a consciência desperta, pergunta-se para que tantos progressos materiais se o homem não é senão mais infeliz e mais propenso a fazer o mal?

Tem-se feito muito pela matéria, quer dizer, pelo corpo, mas quanto se fez pelo espírito, que é a verdadeira fonte de vida em nós?

O espírito foi negado, desconhecido, desprezado por uns; outros o entreviram apenas através de fórmulas esgotadas”.

“Desde cinquenta anos se tem estabelecido uma íntima e frequente comunicação entre o nosso mundo e o dos Espíritos. Soergueram-se os véus da morte e, em lugar de uma face lúgubre, o que nos apareceu foi um risonho e benévolo semblante.

Falaram as almas; sua palavra consolou muitas tristezas, acalmou bastantes dores, fortaleceu muita coragem vacilante. O destino foi revelado, não já cruel, implacável como o pretendiam antigas crenças, mas atraente, equitativo, para todos esclarecido pelas fulgurações da Misericórdia Divina”.

“Lembre-se de que a vida é curta. Enquanto ela dura, esforce-se para adquirir o que veio procurar nesse mundo: o verdadeiro aperfeiçoamento.

Possa o seu ser espiritual daqui sair mais puro do que quando aqui entrou! Acautele-se das armadilhas da carne; reflita que a Terra é um campo de batalha, onde a matéria e os sentidos abandonam a alma num assalto perpétuo. Lute com coragem contra as paixões vis; lute pelo espírito e pelo coração, corrija seus defeitos, adoce seu caráter, fortifique sua vontade. Que seu pensamento se afaste das vulgaridades terrestres e escape para o céu luminoso!

Lembre-se de que tudo o que é material é efêmero. As gerações passam como as ondas do mar, os impérios desmoronam-se, os próprios mundos perecem, os sóis se apagam; tudo foge, tudo se dissipa.

Mas, há três coisas que vêm de Deus e são imutáveis como ele, três coisas que resplandecem acima do reflexo das glórias humanas: a Sabedoria, a Virtude, o Amor!

Conquiste-os pelos seus esforços e, alcançando-os, elevar-se-á acima do que é passageiro e transitório, para desfrutar do que é eterno!”

 

Observação: as partes I e II deste artigo encontram-se nas publicações das semanas 68 e 71, respectivamente.